sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A formiga - Paulo Roberto Gaefke





Observando algumas formigas no jardim aqui de casa, percebi que todas 
seguiam uma mesma rota carregando folhas maiores que elas mesmas, 
mas, seguiam firme em direção ao formigueiro que descobri poucos passos 
adiante, o que para elas deveria representar uma grande viagem.

De repente percebo que uma delas está com uma folha exageradamente grande nas
costas, deveria ser pelo menos vinte vezes maior que ela, e seu esforço
era notado a distância. Fiquei ali imaginando o orgulho dessa formiga
presunçosa, carregando aquela folha gigantesca e como ela deveria estar
ansiosa em mostrar a formiga rainha como ela era forte, como ela era
capaz, quem sabe até ganharia uma promoção?

Enquanto a fila de formigas seguia em direção ao formigueiro, essa formiga girava em volta
de si mesma, sem conseguir sair do lugar, seu esforço era tão grande
que mal avançava um passo, voltava dois para trás, estava tão cega, tão
entretida na sua luta de carregar aquele mundão nas costas que nem
percebeu que todas as formigas largaram as folhas para escapar do pé de
um menino que vinha correndo atrás de uma bola. 

As formigas escaparam por pouco, mas nossa amiguinha não teve a 
mesma sorte, morreu esmagada, agarrada a sua folha gigante.

Assim como a formiga, nós seres humanos inteligentes e sensíveis, vez em
quando queremos carregar mais coisas em nossas costas que podemos
suportar, os problemas dos outros, as dores do mundo e a ganância de
querer sempre mais, de ser mais e melhor e quando acordamos para a
realidade estamos esmagados pelo peso de nossa insensatez. 

Cuide mais de você, o dia passa, as pessoas passam, o tempo passa, mas você fica. 
Você será a sua eterna companhia, todos podem até fugir de você, mas você
não pode fugir desse encontro com você mesmo, com a sua paz interior,
com a sua felicidade.

Por amor a você, carregue apenas a sua mala, e de preferência, o mais vazia possível!