Aos 18 anos de idade, senti em meu
coração que Deus estava me vocacionando para o ministério pastoral. Como notei
isto? Através das pessoas que eu admirava na igreja e do ministério que elas
exerciam. De início comecei a me sentir extremamente atraído por pregações e
pelas mensagens bem ministradas, bem ilustradas e bem objetivas que alguns
ministros entregavam a igreja. Depois comecei notar que eu tinha uma
alegria diferente quando via pessoas dentro da igreja cuidando de outras vidas
e lhes ministrando ajuda, apoio, conforto e conselhos.
Logo percebi que o ministério pastoral
dependia muito da orientação divina vinda da palavra de Deus escrita, a Bíblia
Sagrada e da oração. Comecei a me dedicar à oração, a fazer da oração uma forma
de me aproximar de Deus e descobrir o que Ele queria para minha vida. Matriculei-me
em uma escola de educação teológica e comecei a orar e procurar um pastor que
pudesse me orientar e me discipular.
Em 1996 fui congregar com um pastor
chamado Roberto dos Santos e ali o que eu estava aprendendo em teoria ns Escola
de Educação Teológica, passou a ser algo prático. Dentro de alguns meses passei
a receber funções de liderança delegadas por ele que foram me preparando para
este ministério lindo e espinhoso que é o ministério pastoral. De lá para cá
(2014) o tempo passou muito depressa. Apascentei e fui apascentado. Liderei e
fui liderado. Aconselhei e fui aconselhado. Ajudei e fui muito ajudado. Até
hoje, a cada dia que passa, mais quero estar envolvido na propagação do Reino
de Deus e no apascentamento, pastoreio e edificação daqueles que Deus me
confiou.
No ministério pastoral aprendi algumas
coisas muito importantes que não posso esquecer ao longo da caminhada e que
quero compartilhar com aqueles que estão iniciando o ministério agora ou
entraram nele à pouco tempo:
1º Você sofrerá muitas pressões
externas e internas, mas se quiser ser fiel à Deus e a sua chamada, use isto
para te levar para cima e não para baixo. Quando comecei meu ministério
pastoral, eu imaginava que era fácil lidar com pessoas, achava que com um pouco
de conhecimento bíblico e muito carisma, eu resolveria as situações mais
inusitadas facilmente, porém ao longo da caminhada, que já são 18 anos, desde
que dirigi o primeiro rebanho, notei que existem muitas pressões na vida de um
líder de igreja cristã. Por um lado temos os grupos internos da comunidade de
fé que são das origens mais diversificadas, pessoas oriundas das igrejas históricas,
ligadas ao movimento da “Reforma Protestante”, conhecidas como: "Igrejas
Tradicionais". Temos aqueles que se originaram de igrejas
"Pentecostais Clássicas" e os convertidos em Igrejas chamadas pelos
seminários e estudiosos do Movimento evangélico de "Neo
Pentecostais", sem falar daqueles que são convertidos do "Catolicismo
Romano". Para tornar o assunto mais complexo ainda, lidamos com as pessoas
provenientes das outras religiões, tais como: espíritas, budistas, etc...
Cada uma dessas pessoas chegam nas
nossas igrejas, com uma formação, ainda que pequena ou até profunda, acerca de
Deus, das pessoas, dos estilos de vida, com uma visão social, política,
cultural, muitas vezes extremamente distinta, daquela que o pastor local ou da
denominação da qual ele faz parte. Estas pessoas com sua bagagem de vida se
aliam a outras que parecem com elas na forma de pensar e agir e criam dentro
das igrejas "pequenos grupos", o que não é de se estranhar, uma vez
que o ser humano é um ser gregário e socialmente busca o convívio dentro de um
círculo de amizades, onde ele possa se expressar entender, ser entendido e
aceito, só que no meio de tudo isto, existe um pastor, que se vê pressionado
por todos os lados, com pontos de vista diferentes e tendo que apascentar a
todos, com amor compreensão, afeto, sem deixar que os resultados financeiros,
ministeriais, evangelísticos caiam em seus indicadores de performance.
Por outro lado temos as pressões
externas, como as mudanças culturais, sociais, tecnológicas, políticas e
religiosas, com as quais todo líder de igreja precisa lidar diariamente, para
que seu rebanho não se aliene da vida social e passe a viver num “gueto
evangélico cristão”, longe de tudo e de todos sem ser relevante para a
comunidade onde sua igreja esta inserida. Isto é no mínimo desafiador. As
pressões sofridas podem te fazer crescer ou desistir do ministério pastoral,
dependendo da maneira que você encara e lida com elas. Portanto pense sempre
que o problema não é pessoal, não é contra você, antes use o que você enfrentar
de pressão para entender mais de gente, pesquisar mais sobre como lidar com
cada situação específica que surgir, dedique tempo a refletir sobre os
progressos que já fez, observe experiências passadas para lidar com as pressões
do presente, usando como experiência de vida e capacitação para novos desafios
que se apresentarão.
2º Por mais dedicado, competente,
esforçado e inteligente que você seja, nem sempre tudo irá bem. Existe uma fantasia de todo iniciante,
que na sua vida, diferente de outros que já trilharam o mesmo caminho e tiveram
dificuldades, ele imagina, que de alguma maneira, com ele a vida será mais
branda, ele não terá tantos problemas quanto seus antecessores. Isto é um
grande engano. Ao longo do percurso, muitos projetos, planos e estratégias de
cunho evangelístico, pastoral, ministerial, arrecadação de fundos, projetos
sociais, não darão certo, porém muitos outros acontecerão e alguns até, nem
dependerão de ti no sentido de idealiza-los, outras pessoas serão colocadas por
Deus em seu caminho e abençoarão sua vida de uma forma que você nunca imaginou.
Valorize estas pessoas e estes projetos e use o que de bom está acontecendo
para te motivar a continuar na caminhada pastoral.
3º
Sempre que tudo estiver muito confuso volte-se para as duas fontes de maior
renovação no ministério pastoral: palavra de Deus e oração. Dizer isto não significa afirmar que
orar e meditar na palavra são recursos somente da hora da adversidade, pelo
contrário, todo ministro de Cristo que desejar ser bem sucedido na expansão do
Reino de Deus na terra, deverá passar ao longo de sua vida, centenas ou até
milhares de horas em oração e na palavra, porque nós só conseguiremos ser uma
referência diante dos homens na vida pública, se em nossas vidas privadas,
passarmos bastante tempo recebendo de Deus força, sabedoria, discernimento,
amor, fé e esperança para lidarmos com as demandas diárias do ministério,
contudo no momento que o desespero bater em sua porta, a aflição trouxer perturbação
ao seu espírito, a angustia se tornar uma companheira, o medo dominar seu
coração, a frieza quiser dominar tua alma, o desejo de abandonar sua vocação se
fizer presente, em Deus através da oração e da meditação em sua palavra, a
bíblia sagrada, você encontrará restauração do ânimo, revelação de Deus sobre o
seu Reino, descobrirá propósitos para continuar e não desfalecer. Para isso não
faça da oração um objeto de lamento ou de negação da realidade, exponha suas
dores, decepções, frustrações, sem medo de ser rejeitado por Deus, mas não faça
isso com autopiedade, mas como alguém que bebe de uma água em um oásis no
deserto para, não desistir da vida, antes seguir adiante em busca de um lugar
melhor, sabendo que o deserto pode ser longo, mas ele não é infinito. Acerca da
palavra não faça dela um livro mágico de onde você irá retirar um texto
"iluminado" para lhe proporcionar solução imediata. Vá até as
escrituras sagradas, para entender princípios, fundamentos, esclarecimentos,
sabedoria e exemplos de como os líderes do povo de Deus na sua jornada de fé
agiram em circunstâncias muito parecidas com as nossas ao lidar com o povo e a sua
ingratidão, o seu desprezo, a desesperança, o fracasso, a solidão, o abandono,
as dificuldades existenciais e espirituais. Faz-se necessário saber como eles
agiram e regiram diante do dia mal, se faz necessário perguntar em oração para
Deus com a bíblia no colo: Aonde eu vou? Para onde eu vou? Como eu irei? Porque
eu irei continuar no ministério?
As demandas dos patriarcas, profetas,
apóstolos e até do próprio Cristo, servirão de consolo nas nossas tribulações e
refrigério para as nossas almas, com eles aprendemos e aprenderemos sempre
sobre um Deus pessoal, presente e amigo que anda com a gente em toda a nossa
caminhada pastoral, cuidando de nós para que a gente cuide de outros.
O Senhor é meu pastor e nada me
faltará! Sl 23.1