segunda-feira, 28 de julho de 2014

Ministério Pastoral


                     

Aos 18 anos de idade, senti em meu coração que Deus estava me vocacionando para o ministério pastoral. Como notei isto? Através das pessoas que eu admirava na igreja e do ministério que elas exerciam. De início comecei a me sentir extremamente atraído por pregações e pelas mensagens bem ministradas, bem ilustradas e bem objetivas que alguns ministros entregavam a igreja. Depois comecei notar que eu tinha uma alegria diferente quando via pessoas dentro da igreja cuidando de outras vidas e lhes ministrando ajuda, apoio, conforto e conselhos.

Logo percebi que o ministério pastoral dependia muito da orientação divina vinda da palavra de Deus escrita, a Bíblia Sagrada e da oração. Comecei a me dedicar à oração, a fazer da oração uma forma de me aproximar de Deus e descobrir o que Ele queria para minha vida. Matriculei-me em uma escola de educação teológica e comecei a orar e procurar um pastor que pudesse me orientar e me discipular. 

Em 1996 fui congregar com um pastor chamado Roberto dos Santos e ali o que eu estava aprendendo em teoria ns Escola de Educação Teológica, passou a ser algo prático. Dentro de alguns meses passei a receber funções de liderança delegadas por ele que foram me preparando para este ministério lindo e espinhoso que é o ministério pastoral. De lá para cá (2014) o tempo passou muito depressa. Apascentei e fui apascentado. Liderei e fui liderado. Aconselhei e fui aconselhado. Ajudei e fui muito ajudado. Até hoje, a cada dia que passa, mais quero estar envolvido na propagação do Reino de Deus e no apascentamento, pastoreio e edificação daqueles que Deus me confiou.

No ministério pastoral aprendi algumas coisas muito importantes que não posso esquecer ao longo da caminhada e que quero compartilhar com aqueles que estão iniciando o ministério agora ou entraram nele à pouco tempo:

1º Você sofrerá muitas pressões externas e internas, mas se quiser ser fiel à Deus e a sua chamada, use isto para te levar para cima e não para baixo. Quando comecei meu ministério pastoral, eu imaginava que era fácil lidar com pessoas, achava que com um pouco de conhecimento bíblico e muito carisma, eu resolveria as situações mais inusitadas facilmente, porém ao longo da caminhada, que já são 18 anos, desde que dirigi o primeiro rebanho, notei que existem muitas pressões na vida de um líder de igreja cristã. Por um lado temos os grupos internos da comunidade de fé que são das origens mais diversificadas, pessoas oriundas das igrejas históricas, ligadas ao movimento da “Reforma Protestante”, conhecidas como: "Igrejas Tradicionais". Temos aqueles que se originaram de igrejas "Pentecostais Clássicas" e os convertidos em Igrejas chamadas pelos seminários e estudiosos do Movimento evangélico de "Neo Pentecostais", sem falar daqueles que são convertidos do "Catolicismo Romano". Para tornar o assunto mais complexo ainda, lidamos com as pessoas provenientes das outras religiões, tais como: espíritas, budistas, etc...

Cada uma dessas pessoas chegam nas nossas igrejas, com uma formação, ainda que pequena ou até profunda, acerca de Deus, das pessoas, dos estilos de vida, com uma visão social, política, cultural, muitas vezes extremamente distinta, daquela que o pastor local ou da denominação da qual ele faz parte. Estas pessoas com sua bagagem de vida se aliam a outras que parecem com elas na forma de pensar e agir e criam dentro das igrejas "pequenos grupos", o que não é de se estranhar, uma vez que o ser humano é um ser gregário e socialmente busca o convívio dentro de um círculo de amizades, onde ele possa se expressar entender, ser entendido e aceito, só que no meio de tudo isto, existe um pastor, que se vê pressionado por todos os lados, com pontos de vista diferentes e tendo que apascentar a todos, com amor compreensão, afeto, sem deixar que os resultados financeiros, ministeriais, evangelísticos caiam em seus indicadores de performance. 

Por outro lado temos as pressões externas, como as mudanças culturais, sociais, tecnológicas, políticas e religiosas, com as quais todo líder de igreja precisa lidar diariamente, para que seu rebanho não se aliene da vida social e passe a viver num “gueto evangélico cristão”, longe de tudo e de todos sem ser relevante para a comunidade onde sua igreja esta inserida. Isto é no mínimo desafiador. As pressões sofridas podem te fazer crescer ou desistir do ministério pastoral, dependendo da maneira que você encara e lida com elas. Portanto pense sempre que o problema não é pessoal, não é contra você, antes use o que você enfrentar de pressão para entender mais de gente, pesquisar mais sobre como lidar com cada situação específica que surgir, dedique tempo a refletir sobre os progressos que já fez, observe experiências passadas para lidar com as pressões do presente, usando como experiência de vida e capacitação para novos desafios que se apresentarão.

2º Por mais dedicado, competente, esforçado e inteligente que você seja, nem sempre tudo irá bem. Existe uma fantasia de todo iniciante, que na sua vida, diferente de outros que já trilharam o mesmo caminho e tiveram dificuldades, ele imagina, que de alguma maneira, com ele a vida será mais branda, ele não terá tantos problemas quanto seus antecessores. Isto é um grande engano. Ao longo do percurso, muitos projetos, planos e estratégias de cunho evangelístico, pastoral, ministerial, arrecadação de fundos, projetos sociais, não darão certo, porém muitos outros acontecerão e alguns até, nem dependerão de ti no sentido de idealiza-los, outras pessoas serão colocadas por Deus em seu caminho e abençoarão sua vida de uma forma que você nunca imaginou. Valorize estas pessoas e estes projetos e use o que de bom está acontecendo para te motivar a continuar na caminhada pastoral.

3º Sempre que tudo estiver muito confuso volte-se para as duas fontes de maior renovação no ministério pastoral: palavra de Deus e oração. Dizer isto não significa afirmar que orar e meditar na palavra são recursos somente da hora da adversidade, pelo contrário, todo ministro de Cristo que desejar ser bem sucedido na expansão do Reino de Deus na terra, deverá passar ao longo de sua vida, centenas ou até milhares de horas em oração e na palavra, porque nós só conseguiremos ser uma referência diante dos homens na vida pública, se em nossas vidas privadas, passarmos bastante tempo recebendo de Deus força, sabedoria, discernimento, amor, fé e esperança para lidarmos com as demandas diárias do ministério, contudo no momento que o desespero bater em sua porta, a aflição trouxer perturbação ao seu espírito, a angustia se tornar uma companheira, o medo dominar seu coração, a frieza quiser dominar tua alma, o desejo de abandonar sua vocação se fizer presente, em Deus através da oração e da meditação em sua palavra, a bíblia sagrada, você encontrará restauração do ânimo, revelação de Deus sobre o seu Reino, descobrirá propósitos para continuar e não desfalecer. Para isso não faça da oração um objeto de lamento ou de negação da realidade, exponha suas dores, decepções, frustrações, sem medo de ser rejeitado por Deus, mas não faça isso com autopiedade, mas como alguém que bebe de uma água em um oásis no deserto para, não desistir da vida, antes seguir adiante em busca de um lugar melhor, sabendo que o deserto pode ser longo, mas ele não é infinito. Acerca da palavra não faça dela um livro mágico de onde você irá retirar um texto "iluminado" para lhe proporcionar solução imediata. Vá até as escrituras sagradas, para entender princípios, fundamentos, esclarecimentos, sabedoria e exemplos de como os líderes do povo de Deus na sua jornada de fé agiram em circunstâncias muito parecidas com as nossas ao lidar com o povo e a sua ingratidão, o seu desprezo, a desesperança, o fracasso, a solidão, o abandono, as dificuldades existenciais e espirituais. Faz-se necessário saber como eles agiram e regiram diante do dia mal, se faz necessário perguntar em oração para Deus com a bíblia no colo: Aonde eu vou? Para onde eu vou? Como eu irei? Porque eu irei continuar no ministério?
As demandas dos patriarcas, profetas, apóstolos e até do próprio Cristo, servirão de consolo nas nossas tribulações e refrigério para as nossas almas, com eles aprendemos e aprenderemos sempre sobre um Deus pessoal, presente e amigo que anda com a gente em toda a nossa caminhada pastoral, cuidando de nós para que a gente cuide de outros.

O Senhor é meu pastor e nada me faltará! Sl 23.1