Para a vida cristã o discipulado é algo de grande valia, tanto que o
Senhor Jesus mandou que seus discípulos fizessem outros discípulos, “Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações”. (Mt 28.19) O discipulado não é algo que se deve ser feito de
qualquer maneira, pela sua grande importância. É através dele que os
novos convertidos têm seu primeiro contato com as doutrinas bíblicas, trazendo
o conhecimento real de Deus e mostrando para a pessoa quais são as suas
responsabilidades como uma nova criatura e como ser um novo discipulador.
Em muitas igrejas o discipulado se restringe em uma classe de escola
dominical ou em outro dia qualquer. Mas ele não deve estar restrito só a
classe de novos convertidos, e sim voltado para todos os crentes já que nunca
teremos o conhecimento completo de tudo o que foi escrito na palavra de Deus de
forma total e perfeita. Todas as vezes que estudamos a palavra de Deus
sempre vamos aprender algo novo e poderemos repassar para as outras pessoas. Como
um discípulo temos o alvo de ser como o nosso mestre Jesus Cristo e para isso
temos que ser muito bem instruídos, só assim poderemos chegar a ser parecidos com
o nosso instrutor. “O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele,
porém, que for bem instruído será como o seu mestre”. (Lc 6:40).
O discipulado é ininterrupto, todos independente de quanto tempo de
conversão tenham, precisam estar continuamente dentro de um discipulado. A vida
cristã é uma vida de eterno aprendizado. O discipulado cristão é a condição para alguém
aprender a ser discípulo de Jesus. É a capacidade dada por Deus para
apreendermos o padrão da vida crista e transmitirmos todo esse aprendizado a
outras pessoas. O amor é o elemento principal para que andemos em obediência e
a bíblia é a principal ferramenta de trabalho.
Há um vínculo de fidelidade entre mestre e
discípulo, alias não poderia ser diferente. A lealdade a Jesus Cristo é um
pressuposto ao discipulado cristão. Não se pode dizer que se segue a Cristo,
sem ser leal aos seus ensinos, e a sua pessoa. A aprendizagem e
o discipulado será conduzida pelo Espírito de Deus, que após a volta de Cristo
aos céus, veio nos ensinar todas as coisas, Ele é nosso ensinador e Mestre
principal, mas Deus também usa os que tem mais maturidade do que a gente para
nos aconselhar e aperfeiçoar a nossa vida relacional com Ele. Jesus Cristo
continua sua ação discipuladora através do Espirito Santo. O preço do discipulado é alto. Todos os que quiserem seguir a Cristo,
terão que estar dispostos a pagar o preço, caso contrário, jamais serão
verdadeiros discípulos. Não há lugar no Reino de Deus, para aqueles que não
assumem um compromisso de confessar a Cristo diante dos homens.
Discípulo, não é tão somente aquele que aprende;
mas também o que assume um compromisso com o seu Mestre. O discipulado é amor
pelos outros crentes e os não crentes, pois o Pai não nos deu o direito de
identificar os não salvos. Não se entende discípulo de Cristo sem o amor
fraternal. A prática do discipulado se estende a todas as
áreas da nossa vida, seja religiosa ou secular. Nesta disciplina o aluno
perceberá a importância de seguir a ordem de Jesus de ser um discípulo e um
discipuldor. Para que a nossa tarefa de compartilhar o Reino de Deus se torne
cada vez mais eficáz, precisamos transmitir a vida de Cristo, através do
discipulado cristão.
DISCIPULADO,
UMA ORIENTAÇÃO DE JESUS
No
final do evangelho segundo escreveu Mateus está escrito: E, aproximando-se
Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.
Portanto ide, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e
eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. (Mt 28: 18-20) Ide e fazei discípulos
de todas as nações é o mandamento do Senhor para nós. Todos no corpo de Cristo,
são chamados a participarem dessa tarefa,
que não é um dom especial para uma minoria privilegiada, e sim um mandamento, e
todos os que creem em Cristo não tem outra opção, senão obedecer.
O QUE É O DISCIPULADO?
O
discipulado é o relacionamento entre um mestre e um aluno baseado no modelo que
é Jesus Cristo. Onde o mestre reproduz no aluno a plenitude da vida que há em Cristo,
capacitando o aluno a treinar outros para que também ensinem novos discípulos
Este relacionamento liga a pessoa à cadeia de autoridade existente na Igreja.
Assim o discípulo é acompanhado em seu processo de crescimento e ajudado a
conformar sua vida com o propósito de Deus, como também a se encaixar na vida
da Igreja. Discipular é transmitir a vida de Jesus para aqueles que estão
sendo ensinados e encorajados a estreitar a cada dia o seu relacionamento com o
Pai. É reproduzir essa vida em outras pessoas, ensinando-as a guardar tudo que
Ele ordenou.
O QUE É UM DISCÍPULO?
É
aquele que crê no que Cristo disse na sua palavra e se dedica a fazer tudo o
que Cristo mandou. É aquele que aprende, que está vivendo o que aprende e que busca
comunicar aos outros aquilo que aprendeu. O discípulo de Cristo deve tomar
algumas atitudes importantes, como:
·
Amar a
Jesus sobre todas as coisas (
Lc14:26-27)
·
Renunciar a
tudo que possui por amor a Cristo que possam atrapalhar a sua caminhada de fé ( Lc14:33)
·
Ser um praticante
da palavra (Jo8:31)
·
Dedicar-se a amar
o seu próximo (Jo13:34-35)
·
Buscar trabalhar
na obra de Deus, para gerar frutos (Jo15:8)
·
Cultivar
o
fruto do Espírito Santo (Gl 5.21-22)
PORQUE FAZER DISCÍPULOS?
Por que Jesus fez assim e mandou que fizéssemos
também. Ele concentrou seus esforços em 12 homens. Ministrou em suas vidas
durante três anos, de dia e de noite, nos dando o exemplo de como devemos
fazer. Esta é uma ótima maneira de preparar pessoas para servir o Reino de Deus
de forma mais esclarecida e bíblica. Sem submissão não há formação. O discípulo
deve ser manso e humilde, estando sujeito aos seus líderes, sem rebeldia e
obstinação. O princípio básico para ter autoridade é estar debaixo de autoridade
de alguém e se sujeitar a ela, neste item Jesus Cristo é o maior exemplo de
obediência e submissão, quando no seu relacionamento com o Pai durante todo o
seu ministério terreno, foi obediente até a morte e morte de cruz (Fp 2.8). Ninguém tem autoridade em si
mesmo. Nossa autoridade vem de Jesus. Autoridade é diferente de autoritarismo:
Autoridade: é algo que o indivíduo tem por deter conhecimento ou um
cargo específico e as responsabilidades que vem junto com
estes conhecimentos ou cargo, seja autoridade executiva,
legislativa, judiciária, ou eclesiástica. Autoridade tem a ver com liderança,
comando, postura, respeito. Deve ser moderada e deve permitir que
outros tenham voz e possam crescer. No momento em que esta liderança
passa a desconsiderar opinião, ou a pessoa do outro, passa a ser autoritarismo.
Isso é terrível, nocivo ao bem estar do ser humano. Quando o homem tem
autoridade o povo admira, ama, respeita.
Autoritarismo: é a imposição pela força, na marra, pelo grito: “eu sou”, “eu
faço”, “eu mando e acabou”, sem ouvir ninguém. Suas decisões estão sempre
em primeiro lugar. Não dá tempo para que seus subordinados mostrem seus
talentos e dons. Na verdade sufoca os que estão ao seu lado. Não por medo de
perder seu lugar, mas por sentir-se superior nos conhecimentos, muitas vezes
usando as palavras “eu fui isso”, “eu fui aquilo”, ou “eu tenho poder!”
Você se lembra do tempo de colégio onde professores que não
levantavam a voz em momento nenhum quando se aborreciam com a gente? Eles apenas
lançavam um olhar e nós já sabiamos que era para baixar a bola ou calar a
boca. Eles tinham autoridade. Já outros professores gritavam como loucos dentro
da sala e só conseguiam com que a turma se acalmasse sobre ameaça
de provas surpresas ou tirar pontos, expulsão, etc. Esses eram os autoritários.
Precisamos aprender a ter autoridade e não ser um autoritário,
pois, por não ouvir as pessoas que estamos discipulando, podemos estar deixando
de descobrir um talento maravilhoso na vida daquela pessoa. O
discipulador precisa entender que ele esta ali para servir o discípulo e não para
ser o dono dele. Devemos ensinar como o apóstolo Paulo aos seus discípulos da
igreja de Éfeso, todo o “conselho de Deus” (At 20.27) e não os nossos gostos e preferências pessoais,
precisamos entender que muito antes de ser um discípulo nosso o irmão ou a irmã
na fé, que estamos orientando é um discípulo de Cristo, mas para isso o discipulador
deve ter claro para si e deixar bem claro para o discípulo, três situações
distintas:
Os
princípios da palavra de Deus: Quando estiver ministrando a um discípulo é
importante deixar bem claro que os princípios de Deus são ordens bíblicas para
serem obedecidas e a estes o discípulo deve ter uma submissão absoluta. Quando
damos a palavra de Deus a um discípulo e ele não a recebe ele está sendo
rebelde. Nesse caso devemos seguir as orientações dadas por Jesus em Mt 18.15-20, ou seja a pessoa poderá
até ser disciplinada. Todos no Corpo de Cristo, e não apenas o discipulador,
têm autoridade para corrigir e repreender outro irmão dentro do ensino da palavra
de Deus. Deve-se observar, antes, o ensino de Paulo aos gálatas em Gl 6.1-6 e o de Jesus aos seus
discípulos em Mt 7.1-5. A Palavra de
Deus deixa claro alguns assuntos e a estes devemos também mostrar para quem
está sendo discipulado a sua clareza, por exemplo: o novo convertido está tendo
relações sexuais com sua namorada, a bíblia mostra claramente que isto é
fornicação, cabe ao discipulador mostrar isto para o discípulo na bíblia e
mostrar objetivamente que tal conduta entristece a Deus e ao seu Espírito. (Gl 5.19, Ap 2.21 e 1Ts 4.3)
Os nossos conselhos: Referente
a conselhos a submissão aqui é relativa, por exemplo: quando dizemos a um
discípulo que ele não pode casar com uma moça incrédula, estamos dando a palavra
do Senhor (2 Co 6.14). Isso é
absoluto. Mas quando falamos que não é bom que ele se case com a “irmã fulana”,
estamos dando um conselho. Pode ser que o conselho que damos seja baseado no
conhecimento que temos da palavra de Deus, mas mesmo assim não passa de
conselho. É relativo. Se o discípulo rejeita um conselho, não é necessariamente
um rebelde. Entretanto, aquele que nunca aceita conselhos, é orgulhoso e auto -
suficiente dificultando assim o seu processo de maturidade cristã, que é o que
se visa no discipulado cristão. (Pv
12.15 e 19.20)
As nossas opiniões: Não
é necessário por parte do discípulo, nenhum tipo de submissão às opiniões e
gostos pessoais do discipulador. Muitas vezes seremos questionados por quem
estamos discipulando, acerca de nossas opiniões sobre diversos assuntos, isto é
muito normal, mas não poderemos constranger as pessoas discipuladas a
concordarem conosco, neste ponto precisamos deixar o discípulo livre para ter e
expressar as suas opiniões ainda que estas não sejam exatamente aquilo que
gostaríamos de ouvir.
COMO
O DISCÍPULO PODE APRENDER
Todas
as pessoas aprendem de diversas maneiras, no processo de discipulado cristão,
não é diferente, o discípulo aprende:
·
Vendo,
ouvindo e perguntando. O relacionamento espontâneo e constante
entre o discípulo e o discipulador faz surgir oportunidades de ensino,
exortação e consolação, em situações do dia-a-dia, sendo assim é importante que
tudo o que o discípulo tiver de dúvidas sobre os diversos assuntos, vá sanando
com o seu discipulador, que se não tiver uma resposta deve buscar respostas com
quem tem mais conhecimento que ele para sanar as dúvidas de seu discípulo.
·
Traçando
alvos a serem alcançados.
Por exemplo: uma leitura diária de alguns capítulos da bíblia, de preferência
começando pelos evangelhos, depois de lidos, discípulo e discipulador devem
discutir os temas principais e extrair lições para a vida cotidiana.
·
Aprendendo
a manusear a bíblia. Isto por livro, capítulo e versículo. Isto
só será alcançado com bastante leitura e pesquisa diária nas escrituras
sagradas.
·
Quando
se sujeita a autoridade de Cristo e da Igreja. É importantíssimo
que o discípulo de Cristo, já no início de sua fé, aprenda a respeitar as autoridades
constituídas na Igreja e dar-lhes a devida honra, este novo cristão poderá
aprender muito com aqueles a quem respeita. Obedecer, segundo a palavra de Deus
as autoridades constituídas, é obedecer ao próprio Cristo. (Rm 13.1 e 5 e Tt 3.1)
·
Quando
demonstra compromisso e envolvimento com os irmãos.
Nas reuniões e cultos, nas contribuições financeiras, que são os dízimos,
ofertas e votos, feitos voluntariamente, nos serviços prestados aos irmãos e a
igreja. O bom relacionamento com os demais membros de sua comunidade de fé, lhe
darão ótimas oportunidades de aprendizado.
OS DESAFIOS DO DISCÍPULO
Existem
diversos desafios a serem enfrentados. O maior deles é com certeza vencer os
principais problemas do “velho homem” como vícios, impurezas, rebeldias,
mentiras, desonestidade, etc... (Ef
4.20-32) Para conseguir este feito é preciso haver da parte do novo
convertido um conhecimento dos fundamentos da fé e uma obediência aos novos
paradigmas que este aprende na palavra de Deus. (Rm 12.1-2) Jesus disse: -
E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará! (Jo 8.32) Ao ir no dia á dia conhecendo melhor as escrituras
sagradas e a vontade de Deus para sua vida, a mente do discípulo será aos
poucos moldada pelos novos padrões do Reino de Deus e na sua caminhada ao lado
de Jesus, com o apoio da Igreja e de seu
discipulador, ele vencerá as características do velho homem. A seguir veremos mais
alguns destes desafios.
Manter
e aperfeiçoar o que foi alcançado. Um dos grandes problemas
das pessoas é regredirem em sua caminhada com Deus. Muitas vezes a pessoa está
até indo bem, de repente por causa de problemas pessoais, abandona-se um
processo de maturidade que está sendo maravilhoso para ela. É papel do
discipulador, encorajar o discípulo a perseverar em sua caminhada com Deus,
mantendo sua comunhão com Ele, vivendo o que já aprendeu.
Proclamar
e testemunhar sobre Jesus Cristo.
Agora que a pessoa conhece a Cristo é muito importante ela saber de sua
responsabilidade e se voltar para o evangelismo pessoal, (At 1.8) envolvendo-se no projeto de expandir o Reino de Deus na
terra, através da proclamação do evangelho para outras pessoas. O discípulo
deve ser orientado a convidar pessoas a irem a igreja e as desafiarem a
entregarem os seus caminhos ao Senhor. (Sl
37.5) Ela deve ter a consciência que o processo do discipulado visa
prepara-la espiritualmente e biblicamente para compartilhar a sua fé, aonde
quer que seja necessário. (1 Pe 3.15 e 2
Tm 2.25)
Manifestar
os dons do Espírito Santo. O discípulo deve ser instruído na
palavra de Deus, no sentido de ser esclarecido, que Deus tem disponibilizado
para a sua igreja, ferramentas espirituais e que este pode e deve buscar para
ser utilizadas na obra de Deus. (1 Co
12.1-31 e Rm 12.4-8). Neste momento o papel do discipulador é ajudar o
discípulo a descobri os seus talentos naturais e os seus dons espirituais que
lhe foram concedidos e que podem ser utilizados a serviço da causa de Cristo.
Caminhar
em companheirismo com os irmãos de fé. A vida cristã tem como uma
de suas finalidades primordiais a caminhada com Deus. Nesta caminhada é preciso
esclarecer o discípulo que ele não está só, mas por mais que ele seja ajudado,
ele também terá que fazer da oração, da
busca pelo ensino na palavra e da edificação mútua, um estilo de vida. Ser
discipulado não é só se alimentar, mas também alimentar a outros com aquilo que
vai sendo recebido. O companheirismo é fundamental, ele deve ser aconselhado a
não se isolar de sua comunidade de fé, de sua igreja, antes planejar sempre
participar de atividades junto com seus novos irmãos e amigos. Não basta se
envolver precisa haver comprometimento, não é preciso abandonar a companhia de
sua família, parentes e amigos, até porque como ele poderia leva-los a Cristo
se não estiver próximo deles, mas em sua agenda pessoal, ele precisa reservar
tempo para aprofundar-se no relacionamento com os membros de sua igreja, que
neste compartilhar da vida se alegrarão
com suas vitórias e chorarão com ele em suas derrotas (Rm 12.15)
CONCLUSÃO
A
tarefa do discipulador é ensinar o discípulo a observar todas as coisas que
Jesus ordenou. A bíblia sagrada está repleta de informações importantes que transformam
as vidas das pessoas que são tocadas por elas. Todo cristão é chamado para
discipular (Mt28:18-20)
Todo
discípulo deve ser formado para cuidar de outros discípulos. Jesus não era um
homem de púlpito. Jesus era um homem de relacionamentos.
Seus discípulos
aprenderam tudo vendo. (1Jo1:1)
Jesus
amava os seus discípulos Um dos fatores mais importantes para que os discípulos
aprendam a amar é que sejam amados
O Espírito Santo nos dá a capacidade de
amarmos e de demonstrarmos o amor Os discípulos amarão uns aos outros e isso vai causar impacto no mundo.
O amor é a
única maneira de conquistarmos uma reação favorável dos homens.
FONTE:
APOSTILA DA DISCIPLINA: DISCIPULADO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA KERIGMA