sexta-feira, 11 de julho de 2014

Tratando dos assuntos pertinentes a vida terrena, na perspectiva do Reino de Deus - Mateus 19



Jesus sempre foi uma pessoa, que em seu ministério de servir ao próximo, fez da educação uma marca fundamental. Ele sabia que ajudar as pessoas era importante, por isso curava, multiplicava pães e peixes, libertava oprimidos pelo diabo, ressuscitava mortos, mas o que fica patente nas escrituras, nas narrações dos quatro evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João, é que toda circunstância, para ele era uma oportunidade de educar, de ensinar, de transmitir, valores, princípios, notas morais e éticas, que iam alterando a forma das pessoas verem a vida e se relacionarem entre elas e com Deus.
Os episódios narrados por Mateus neste capítulo seguem a mesma dinâmica educadora de Jesus. Jesus usava situações e circunstâncias, como as perguntas que lhe foram feitas e aqui descritas no texto, para dar sua opinião transformadora e sempre conectada com suas crenças e valores. A questão de ensinar o que vivia e viver o que ensinava, era muito visível na vida de Cristo, o que aliás, é um problema dos líderes religiosos hoje, pois eles até tem um discurso bonito no púlpito, na sua vida pública, mas em sua vida privada, quem conhece a eles, muitas vezes não os observa cumprindo o que ensinam, o que também já era uma dura crítica de Jesus aos religiosos de sua época.
Antes de entramos nas considerações sobre o texto, vejamos o que é educar.
·       Do latim: educare, que significa promover a educação; transmitir conhecimentos; ensejar condições para o educando modificar para melhor seu comportamento.
·       No seu sentido mais amplo, educação significa o meio em que os hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração seguinte. A educação vai se formando através de situações presenciadas e experiências vividas por cada indivíduo ao longo da sua vida.
·       De acordo com o filósofo teórico da área da pedagogia René Hubert, a educação é um conjunto de ações e influências exercidas voluntariamente por um ser humano em outro. Essas ações pretendem alcançar um determinado propósito no indivíduo para que ele possa desempenhar alguma função nos contextos sociais, econômicos, culturais e políticos de uma sociedade.
·       Sendo assim chegamos à conclusão que educar é ajudar as pessoas a mudarem a sua maneira de ser, agir e ver a vida, para melhor, no nosso caso levando sempre em consideração a vontade de Deus explícita na sua palavra que é a bíblia sagrada.
Neste texto Jesus é confrontado com dois elementos que geram muitas angustias e alegrias nos corações dos seres humanos, o primeiro é uma questão referente ao casamento ou a dissolução dele por intermédio do divórcio o outro é a forma como lidamos com o dinheiro.
Casamento e dinheiro, tem coisas mais faladas, tratadas, observadas, discutidas, polemizadas, do que estes dois elementos dentro de uma sociedade?
Como Jesus sempre foi uma pessoa  que usva as oportunidades para educar seus ouvintes, na visão do Reino de Deus, que é um novo estilo de vida, aqui mais uma vez ele pega indagações que lhe fizeram e ensina princípios gerais sobre esses dois assuntos.
Primeiro ele foi abordado com uma pergunta sobre casamento e o divórcio. (vs 1-12)
“Tendo acabado de dizer essas coisas, Jesus saiu da Galiléia e foi para a região da Judéia, no outro lado do Jordão. Grandes multidões o seguiam, e ele as curou ali. Alguns fariseus aproximaram-se dele para pô-lo à prova. E perguntaram-lhe: É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?  Ele respondeu: Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher e disse: Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne? Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe. Perguntaram eles: Então, por que Moisés mandou dar uma certidão de divórcio à mulher e mandá-la embora? Jesus respondeu: Moisés lhes permitiu divorciar-se de suas mulheres por causa da dureza de coração de vocês. Mas não foi assim desde o princípio. Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério. Os discípulos lhe disseram: Se esta é a situação entre o homem e sua mulher, é melhor não casar. Jesus respondeu: Nem todos têm condições de aceitar esta palavra; somente aqueles a quem isso é dado. Alguns são eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens; outros ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem puder aceitar isso, aceite.
Aqui só para vocês entenderem haviam duas escolas de pensamentos que norteavam a vida dos judeus nas relações ligadas ao casamento e ao divórcio. Dois rabinos muito influentes tinham levado os judeus daquela época a duas interpretações da Lei de Moisés de forma bem diferente.
Existiram dois rabinos chamados Hilel e Shamai, que segundo a tradição judaica nortearam a forma de pensar de seus contemporâneos e as gerações sequentes. Um era extremamente flexível o outro muito rígido. O flexível era Hilel e o mais rígido era Shamai. Hilel defendia que o homem podia divorciar por qualquer motivo já Shamai ensinava que divórcio só era permitido em caso de adultério. Vale lembrar que na época de Jesus já não havia mais o hábito do apedrejamento para os adúlteros conforme ensinou Moisés. Jesus respondeu a pergunta dos fariseus indo na linhagem do pensamento interpretativo de Shamai, cuja visão era mais conservadora e para apoiar sua decisão ele foi além da Lei de Moisés citando um texto de Gênesis quando Moisés trata da criação do ser humano com apenas uma companheira e terminou afirmando que aqueles que Deus uniu, o homem não deve separar.
 Fiz algumas pesquisas sobre o tema “divórcio e re-casamento” e o estudo mais completo que encontrei foi o da revista Ultimato. Você pode aprofundar-se no tema neste endereço na internet:   http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/294/divorcio-e-novo-casamento-um-estudo-biblico-inicial
Para nossa meditação quero apontar apenas alguns princípios para nortear a nossa vida referente ao assunto. Não é meu objetivo estabelecer aqui regras rígidas, até porque cada pastor, cada igreja, cada denominação, tem as suas orientações específicas, baseadas no histórico de cada caso e no que se interpreta das escrituras sagradas, e ainda se tem as cláusulas de estatuto ou regimento interno da instituição, da qual aqueles que lidam com o caso em particular fazem parte e usam para aplicar na orientação para cada caso.
Com base no artigo que citei e no que creio acerca do assunto seguem algumas orientações pastorais:
1.     Acredito que a bíblia dá a permissão para o divórcio em dois casos:
·       a) no caso de relações sexuais ilícitas praticadas pelo cônjuge (Mt 19.9)
·        b) no caso de casamento misto em que o cônjuge não - crente abandona o crente (1 Cor 7.15).
2.     Mas não julgo aceitável a sugestão do divórcio e re - casamento por qualquer motivo como apregoa a sociedade liberal dos nossos dias. Contudo também não sou a favor de que uma família fique sofrendo maus tratos de forma contínua, porque existe um mandamento maior que deve ser vivido e cumprido que é do amor ao próximo. Muita gente pensa esta questão só do lado de se oferecer amor, porém a família que está sendo oprimida, espancada, maltratada, não tem o direito de se ver livre destra situação? Vamos esperar o cônjuge tirar a vida do outro para depois nos posicionarmos, como acontece em muitas igrejas que mesmo a pessoa sendo vítima de violência doméstica diariamente o pastor para não ferir o princípio bíblico aconselha ao cônjuge alvo da violência apenas a oração e a paciência? Será que se Jesus hoje se visse diante deste quadro era este o conselho que ele daria?
3.     É preciso separar o ideal do real. Deus na bíblia trabalha com ideais para a nossa vida, sociedade e para a nossa convivência, porém vivemos em um mundo real, onde muitas decisões são tomadas e nós como agentes do Reino de Deus devemos consultar outros conceitos do Reino para tomarmos atitudes, ou seja, ter um olhar para outras passagens da bíblia além daquelas que só tratam especificamente do assunto. Um exemplo disto é que Jesus nos ensinou a buscar o seu reino e sua justiça (Mt 6.33). Ao lidarmos com muitos casos de casais se separando e se casando de novo, acredito que o princípio da justiça deveria ser obsevado. Justiça no sentido de analisar cada caso, não com os olhos do direito legal garantido por lei vigente nacional, este as pessoas já o tem, mas o direito bíblico e irrefutável ligado a ser alvo de respeito, reciprocidade, ser valorizado como pessoa, como um ser que deve ser tido na mais alta estima e não apenas como um objeto, pois é o que muitas relações tem evidenciado hoje. O outro não passa de uma peça para ser usada e abusada, ainda que não haja relação sexual ilícita. Que ninguém use minha fala para dizer que sou a favor do divórcio por qualquer motivo, porque não sou, mas o que busco é ampliar um pouco mais a discussão para que nós como igreja não nos deixemos levar por uma interpretação superficial das escrituras sagradas, sem levar em conta o contexto de cada relação em conflito. Teologia se faz em conexão com a vida e não alienada dela.
4.     Precisamos cada vez mais de uma recomendação pastoral no sentido de enfatizar a indissolubilidade dos laços conjugais. Precisamos alertar os noivos em preparação para o casamento que eles devem conhecer bem o padrão perfeito de Deus como meta a ser alcançada e precisa estar claro para eles que o casamento é sério e é recomendado por Deus até que a morte e não o divórcio separe as pessoas que se uniram.
6. É preciso ser dito que na ótica de Deus o divórcio é uma tragédia. Nunca é uma solução alegre e universal. É uma possibilidade restrita permitida com tristeza, como exceção e, por isso, deve-se fazer sempre o máximo de empenho para reconciliar e restaurar famílias.
5.     Devemos ensinar mesmo quando houver adultério, que são necessárias paciência e oração pela restauração. O exemplo de Oséias do Antigo Testamento, que amou sua esposa adúltera, é paradigmático. Esse amor do profeta pela esposa faltosa simboliza o amor de Deus pelo seu povo, muitas vezes idólatra ou apóstata. Deus oferece uma salvação completa e perfeita para o seu povo.
6.     Quando ocorre o re-casamento, recomendamos modéstia, comedimento e discrição próprios de alguém consciente da tragédia sobre a qual está se realizando a nova união. Seria inapropriada uma comemoração sem um simultâneo sentido de quebrantamento e contrição de alma pela separação havida. Não se deve comemorá-lo como se fosse uma grande solução.pelo contrário deve estar claro para todos que foram feitas todas as tentativas possíveis para que isto não acontecesse e não agirmos como se o divórcio fosse a melhor e recomendada solução sempre como muita gente alardeia. Pois o que vemos hoje é muita gente se divorciando se casando de novo e muitos continuam infelizes na nova relação, pois percebem que o problema não era a pessoa em muitos casos, mas a vida a dois que é um desafio diário para todos que fazem parte dela.

O segundo assunto de muita relevância que Jesus também tratou no texto nos versículos (16-30)
Jesus fala do apego ao dinheiro e a toda sorte de bens materiais. Ele começa com a pergunta de um jovem rico que interroga Jesus sobre o que ele deve fazer para ter a vida eterna. Jesus manda ele observar os mandamentos. Ele pergunta quais. Jesus responde e ele acredito eu, de maneira arrogante diz que já é um praticante de tudo o que Jesus disse. O Mestre como conhecia pelo Espírito Santo os corações humanos, lhe diz que uma coisa ainda faltava vender tudo o que ele tinha e dar para os pobres. Aqui não existe uma orientação de Cristo para as pessoas desfazer de tudo o que é material para seguir Jesus. O que Jesus percebeu foi que o rapaz era muito arrogante e geralmente gente arrogante é egoísta e como todo egoísta ele era muito apegado a seus bens materiais. Jesus sempre vai na ferida. Jesus sempre quer nos libertar de nós mesmos. Jesus é médico por excelência. Nunca erra no diagnóstico nem no prognóstico. O rapaz como tinha muitos bens murchou como uma flor tirada da roseira e não regada e que está a luz do sol.  
Eis que alguém se aproximou de Jesus e lhe perguntou: "Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que você me pergunta sobre o que é bom? Há somente um que é bom. Se você quer entrar na vida, obedeça aos mandamentos. Quais? , perguntou ele. Jesus respondeu: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe e ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o jovem: A tudo isso tenho obedecido. O que me falta ainda? Jesus respondeu: Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me. Ouvindo isso, o jovem afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas. Então Jesus disse aos discípulos: Digo-lhes a verdade: Dificilmente um rico entrará no Reino dos céus. E lhes digo ainda: é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus. Ao ouvirem isso, os discípulos ficaram perplexos e perguntaram: Neste caso, quem pode ser salvo? Jesus olhou para eles e respondeu: Para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis. Então Pedro lhe respondeu: Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós? Jesus lhes disse: Digo-lhes a verdade: Por ocasião da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.  E todos os que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por minha causa, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna. Contudo, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros.
Um dia destes eu conversava com minha esposa e falava sobre as condições que viveram as pessoas na época de Jesus. Os miseráveis de hoje em dia espalhados pelas grandes cidades, retratam as massa daquela época. As pessoas eram miseráveis aos milhares. Não existiam classes sociais A B C D E. Havia os pobres e os ricos. Os que tinham quase nada e os que tinham muito.  Saneamento básico, escola, carro, casa de alvenaria, água encanada, celular, computador, TV, rádio, internet, guarda roupas cheio, diversos pares de sapatos, cama com colchão, edredon, lençol lavado com sabão em pó e amaciante, chuveiro com água quente, caixa de água. Isto que quase todo mundo tem hoje ninguém tinha. Nós seríamos os ricos daquela época. Este texto pode muito bem ser aplicado a nós pois muitas vezes na busca de um bem material novo, muitos estão perdendo a vida eterna. Deixa eu te fazer uma pergunta: Se Jesus subisse no púlpito de nossas igrejas hoje e dissesse ainda vos falta uma coisa, vão vendam tudo o eu vocês tem e retornem aqui e me sigam, será que você voltaria para o próximo culto ou mudaria de igreja? Reflita...
Você percebeu como as coisas materiais nos afetam. Nós não conseguimos mais viver sem elas.
Faça as seguintes perguntas para você mesmo?
 1. Se você tivesse que se mudar hoje, por extrema necessidade, para um pequeno apartamento com apenas um cômodo  e um banheiro o que levaria com você? O que descartaria? Pensar sobre isso pode te dar uma nova visão sobre tudo o que você guarda em casa.
2. Quanta coisa você tem que já tem muito tempo que você não usa para absolutamente nada e nem sabe quando vai usar?
3. Você já parou para agradecer a Deus por tudo o que tem ou apenas olha ao seu redor e fica pensando naquilo que ainda não tem?
4. O que você tem doado ultimamente, você esta se tornando a cada dia um doador ou acumulador?