Jesus
sempre foi uma pessoa, que em seu ministério de servir ao próximo, fez da
educação uma marca fundamental. Ele sabia que ajudar as pessoas era importante,
por isso curava, multiplicava pães e peixes, libertava oprimidos pelo diabo,
ressuscitava mortos, mas o que fica patente nas escrituras, nas narrações dos
quatro evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João, é que toda circunstância,
para ele era uma oportunidade de educar, de ensinar, de transmitir, valores,
princípios, notas morais e éticas, que iam alterando a forma das pessoas verem
a vida e se relacionarem entre elas e com Deus.
Os
episódios narrados por Mateus neste capítulo seguem a mesma dinâmica educadora
de Jesus. Jesus usava situações e circunstâncias, como as perguntas que lhe
foram feitas e aqui descritas no texto, para dar sua opinião transformadora e
sempre conectada com suas crenças e valores. A questão de ensinar o que vivia e
viver o que ensinava, era muito visível na vida de Cristo, o que aliás, é um
problema dos líderes religiosos hoje, pois eles até tem um discurso bonito no
púlpito, na sua vida pública, mas em sua vida privada, quem conhece a eles,
muitas vezes não os observa cumprindo o que ensinam, o que também já era uma
dura crítica de Jesus aos religiosos de sua época.
Antes
de entramos nas considerações sobre o texto, vejamos o que é educar.
·
Do latim: educare, que significa promover a educação; transmitir
conhecimentos; ensejar condições para o educando modificar para melhor seu comportamento.
·
No seu sentido mais amplo, educação significa
o meio em que os hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos
de uma geração para a geração seguinte. A educação vai se formando através de situações presenciadas e experiências
vividas por cada indivíduo ao longo da sua vida.
· De acordo com o
filósofo teórico da área da pedagogia René
Hubert, a educação é um conjunto de
ações e influências exercidas voluntariamente por um ser humano em outro.
Essas ações pretendem alcançar um determinado
propósito no indivíduo para que ele possa desempenhar alguma função nos
contextos sociais, econômicos, culturais e políticos de uma sociedade.
· Sendo assim chegamos à
conclusão que educar é ajudar as pessoas
a mudarem a sua maneira de ser, agir e ver a vida, para melhor, no nosso
caso levando sempre em consideração a vontade de Deus explícita na sua palavra
que é a bíblia sagrada.
Neste texto Jesus é confrontado com dois
elementos que geram muitas angustias e alegrias nos corações dos seres humanos,
o primeiro é uma questão referente ao casamento ou a dissolução dele por
intermédio do divórcio o outro é a forma como lidamos com o dinheiro.
Casamento e dinheiro, tem coisas mais faladas, tratadas, observadas, discutidas, polemizadas, do
que estes dois elementos dentro de uma sociedade?
Como Jesus sempre foi uma pessoa que usva as oportunidades para educar seus
ouvintes, na visão do Reino de Deus, que é um novo estilo de vida, aqui mais uma
vez ele pega indagações que lhe fizeram e ensina princípios gerais sobre esses
dois assuntos.
Primeiro ele foi abordado com uma pergunta
sobre casamento e o divórcio. (vs 1-12)
“Tendo
acabado de dizer essas coisas, Jesus saiu da Galiléia e foi para a região da
Judéia, no outro lado do Jordão. Grandes multidões o seguiam, e
ele as curou ali. Alguns fariseus aproximaram-se dele para pô-lo
à prova. E perguntaram-lhe: É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por
qualquer motivo? Ele
respondeu: Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher e disse: Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à
sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne? Assim, eles já
não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe. Perguntaram eles: Então, por que Moisés mandou dar uma certidão de
divórcio à mulher e mandá-la embora? Jesus respondeu: Moisés
lhes permitiu divorciar-se de suas mulheres por causa da dureza de coração de
vocês. Mas não foi assim desde o princípio. Eu lhes digo que
todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, e se
casar com outra mulher, estará cometendo adultério. Os
discípulos lhe disseram: Se esta é a situação entre o homem e sua mulher, é
melhor não casar. Jesus respondeu: Nem todos têm condições de
aceitar esta palavra; somente aqueles a quem isso é dado. Alguns
são eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens;
outros ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem puder aceitar
isso, aceite.
Aqui
só para vocês entenderem haviam duas escolas de pensamentos que norteavam a
vida dos judeus nas relações ligadas ao casamento e ao divórcio. Dois rabinos
muito influentes tinham levado os judeus daquela época a duas interpretações da
Lei de Moisés de forma bem diferente.
Existiram
dois rabinos chamados Hilel e Shamai, que segundo a tradição judaica nortearam
a forma de pensar de seus contemporâneos e as gerações sequentes. Um era
extremamente flexível o outro muito rígido. O flexível era Hilel e o mais
rígido era Shamai. Hilel defendia que o homem podia divorciar por qualquer
motivo já Shamai ensinava que divórcio só era permitido em caso de adultério.
Vale lembrar que na época de Jesus já não havia mais o hábito do apedrejamento
para os adúlteros conforme ensinou Moisés. Jesus respondeu a pergunta dos
fariseus indo na linhagem do pensamento interpretativo de Shamai, cuja visão
era mais conservadora e para apoiar sua decisão ele foi além da Lei de Moisés
citando um texto de Gênesis quando Moisés trata da criação do ser humano com
apenas uma companheira e terminou afirmando que aqueles que Deus uniu, o homem
não deve separar.
Fiz algumas pesquisas sobre o tema “divórcio e
re-casamento” e o estudo mais completo que encontrei foi o da revista Ultimato.
Você pode aprofundar-se no tema neste endereço na internet: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/294/divorcio-e-novo-casamento-um-estudo-biblico-inicial
Para
nossa meditação quero apontar apenas alguns princípios para nortear a nossa
vida referente ao assunto. Não é meu objetivo estabelecer aqui regras rígidas, até
porque cada pastor, cada igreja, cada denominação, tem as suas orientações
específicas, baseadas no histórico de cada caso e no que se interpreta das
escrituras sagradas, e ainda se tem as cláusulas de estatuto ou regimento
interno da instituição, da qual aqueles que lidam com o caso em particular fazem
parte e usam para aplicar na orientação para cada caso.
Com base no artigo que citei
e no que creio acerca do assunto seguem algumas orientações pastorais:
1. Acredito
que a bíblia dá a permissão para o divórcio em dois casos:
·
a) no caso de relações sexuais ilícitas
praticadas pelo cônjuge (Mt 19.9)
·
b) no
caso de casamento misto em que o cônjuge não - crente abandona o crente (1 Cor 7.15).
2. Mas
não julgo aceitável a sugestão do divórcio e re - casamento por qualquer motivo
como apregoa a sociedade liberal dos nossos dias. Contudo também não sou a favor de que uma família fique sofrendo
maus tratos de forma contínua, porque existe um mandamento maior que deve ser
vivido e cumprido que é do amor ao próximo. Muita gente pensa esta questão só
do lado de se oferecer amor, porém a família que está sendo oprimida,
espancada, maltratada, não tem o direito de se ver livre destra situação? Vamos
esperar o cônjuge tirar a vida do outro para depois nos posicionarmos, como
acontece em muitas igrejas que mesmo a pessoa sendo vítima de violência doméstica
diariamente o pastor para não ferir o princípio bíblico aconselha ao cônjuge alvo
da violência apenas a oração e a paciência? Será que se Jesus hoje se visse
diante deste quadro era este o conselho que ele daria?
3. É
preciso separar o ideal do real. Deus na bíblia trabalha com ideais para a
nossa vida, sociedade e para a nossa convivência, porém vivemos em um mundo
real, onde muitas decisões são tomadas e nós como agentes do Reino de Deus
devemos consultar outros conceitos do Reino para tomarmos atitudes, ou seja,
ter um olhar para outras passagens da bíblia além daquelas que só tratam
especificamente do assunto. Um exemplo disto é que Jesus nos ensinou a buscar o
seu reino e sua justiça (Mt 6.33). Ao
lidarmos com muitos casos de casais se separando e se casando de novo, acredito
que o princípio da justiça deveria ser obsevado. Justiça no sentido de analisar
cada caso, não com os olhos do direito legal garantido por lei vigente nacional,
este as pessoas já o tem, mas o direito bíblico e irrefutável ligado a ser alvo
de respeito, reciprocidade, ser valorizado como pessoa, como um ser que deve
ser tido na mais alta estima e não apenas como um objeto, pois é o que muitas
relações tem evidenciado hoje. O outro não passa de uma peça para ser usada e
abusada, ainda que não haja relação sexual ilícita. Que ninguém use minha fala
para dizer que sou a favor do divórcio por qualquer motivo, porque não sou, mas
o que busco é ampliar um pouco mais a discussão para que nós como igreja não nos
deixemos levar por uma interpretação superficial das escrituras sagradas, sem
levar em conta o contexto de cada relação em conflito. Teologia se faz em
conexão com a vida e não alienada dela.
4. Precisamos
cada vez mais de uma recomendação pastoral no sentido de enfatizar a
indissolubilidade dos laços conjugais. Precisamos alertar os noivos em
preparação para o casamento que eles devem conhecer bem o padrão perfeito de
Deus como meta a ser alcançada e precisa estar claro para eles que o casamento
é sério e é recomendado por Deus até que a morte e não o divórcio separe as pessoas
que se uniram.
6. É
preciso ser dito que na ótica de Deus o divórcio é uma tragédia. Nunca é uma
solução alegre e universal. É uma possibilidade restrita permitida com
tristeza, como exceção e, por isso, deve-se fazer sempre o máximo de empenho
para reconciliar e restaurar famílias.
5. Devemos
ensinar mesmo quando houver adultério, que são necessárias paciência e oração
pela restauração. O exemplo de Oséias do Antigo Testamento, que amou sua esposa
adúltera, é paradigmático. Esse amor do profeta pela esposa faltosa simboliza o
amor de Deus pelo seu povo, muitas vezes idólatra ou apóstata. Deus oferece uma
salvação completa e perfeita para o seu povo.
6. Quando
ocorre o re-casamento, recomendamos modéstia, comedimento e discrição próprios
de alguém consciente da tragédia sobre a qual está se realizando a nova união.
Seria inapropriada uma comemoração sem um simultâneo sentido de quebrantamento
e contrição de alma pela separação havida. Não se deve comemorá-lo como se
fosse uma grande solução.pelo contrário deve estar claro para todos que foram
feitas todas as tentativas possíveis para que isto não acontecesse e não
agirmos como se o divórcio fosse a melhor e recomendada solução sempre como
muita gente alardeia. Pois o que vemos hoje é muita gente se divorciando se
casando de novo e muitos continuam infelizes na nova relação, pois percebem que
o problema não era a pessoa em muitos casos, mas a vida a dois que é um desafio
diário para todos que fazem parte dela.
O segundo assunto de muita relevância
que Jesus também tratou no texto nos versículos (16-30)
Jesus fala do apego ao
dinheiro e a toda sorte de bens materiais. Ele começa com a pergunta de um
jovem rico que interroga Jesus sobre o que ele deve fazer para ter a vida
eterna. Jesus manda ele observar os mandamentos. Ele pergunta quais. Jesus
responde e ele acredito eu, de maneira arrogante diz que já é um praticante de
tudo o que Jesus disse. O Mestre como conhecia pelo Espírito Santo os corações
humanos, lhe diz que uma coisa ainda faltava vender tudo o que ele tinha e dar
para os pobres. Aqui não existe uma orientação de Cristo para as pessoas
desfazer de tudo o que é material para seguir Jesus. O que Jesus percebeu foi
que o rapaz era muito arrogante e geralmente gente arrogante é egoísta e como
todo egoísta ele era muito apegado a seus bens materiais. Jesus sempre vai na
ferida. Jesus sempre quer nos libertar de nós mesmos. Jesus é médico por
excelência. Nunca erra no diagnóstico nem no prognóstico. O rapaz como tinha
muitos bens murchou como uma flor tirada da roseira e não regada e que está a
luz do sol.
Eis
que alguém se aproximou de Jesus e lhe perguntou: "Mestre, que farei de
bom para ter a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que você
me pergunta sobre o que é bom? Há somente um que é bom. Se você quer entrar na
vida, obedeça aos mandamentos. Quais? , perguntou ele. Jesus
respondeu: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso
testemunho, honra teu pai e tua mãe e ‘amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Disse-lhe o jovem: A tudo isso tenho
obedecido. O que me falta ainda? Jesus respondeu: Se você quer
ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um
tesouro no céu. Depois, venha e siga-me. Ouvindo isso, o jovem
afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas. Então Jesus
disse aos discípulos: Digo-lhes a verdade: Dificilmente um rico entrará no
Reino dos céus. E lhes digo ainda: é mais fácil passar um
camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus. Ao ouvirem isso, os discípulos ficaram perplexos e perguntaram: Neste
caso, quem pode ser salvo? Jesus olhou para eles e respondeu: Para
o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis. Então
Pedro lhe respondeu: Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós? Jesus lhes disse: Digo-lhes a verdade: Por ocasião da regeneração
de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso,
vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze
tribos de Israel. E
todos os que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos,
por minha causa, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna. Contudo, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão
primeiros.
Um
dia destes eu conversava com minha esposa e falava sobre as condições que
viveram as pessoas na época de Jesus. Os miseráveis de hoje em dia espalhados
pelas grandes cidades, retratam as massa daquela época. As pessoas eram miseráveis
aos milhares. Não existiam classes sociais A B C D E. Havia os pobres e os
ricos. Os que tinham quase nada e os que tinham muito. Saneamento básico, escola, carro, casa de
alvenaria, água encanada, celular, computador, TV, rádio, internet, guarda
roupas cheio, diversos pares de sapatos, cama com colchão, edredon, lençol
lavado com sabão em pó e amaciante, chuveiro com água quente, caixa de água. Isto
que quase todo mundo tem hoje ninguém tinha. Nós seríamos os ricos daquela
época. Este texto pode muito bem ser aplicado a nós pois muitas vezes na busca
de um bem material novo, muitos estão perdendo a vida eterna. Deixa eu te fazer
uma pergunta: Se Jesus subisse no púlpito de nossas igrejas hoje e dissesse
ainda vos falta uma coisa, vão vendam tudo o eu vocês tem e retornem aqui e me
sigam, será que você voltaria para o próximo culto ou mudaria de igreja?
Reflita...
Você
percebeu como as coisas materiais nos afetam. Nós não conseguimos mais viver
sem elas.
Faça
as seguintes perguntas para você mesmo?
1. Se você tivesse que se
mudar hoje, por extrema necessidade, para um pequeno apartamento com apenas um cômodo
e um banheiro o que levaria com você? O
que descartaria? Pensar sobre isso pode te dar uma nova visão sobre tudo o que
você guarda em casa.
2. Quanta
coisa você tem que já tem muito tempo que você não usa para absolutamente nada e nem sabe quando vai usar?
3. Você
já parou para agradecer a Deus por tudo o que tem ou apenas olha ao seu redor e
fica pensando naquilo que ainda não tem?
4. O que você tem doado
ultimamente, você esta se tornando a cada dia um doador ou acumulador?