Mediante o novo nascimento, mantemos plena comunhão com Deus,
reconhecendo o seu senhorio em todas as esferas de nossa vida. O fato é que o
novo nascimento é uma das principais doutrinas da fé cristã e que ninguém pode
fazer parte do Reino de Deus se não nascer de novo (Jo 3.3). Mediante a fé em
Jesus experimentamos uma profunda transformação de vida. Essa mudança radical não é apenas exterior, mas interior. Temos
visto que atualmente muitos apresentam um belo exterior, são bem apresentáveis,
possuem uma boa oratória, mas interiormente estão cheios de podridão e
imundícia. Segundo Jesus, estes são como sepulcros caiados (Mt 23.27). Eles
acabam impedindo, devido ao seu mau testemunho, que muitos entrem no Reino de
Deus e que a Igreja cumpra a sua Missão Integral. Sem o novo nascimento ninguém poderá participar
do Reino de Deus.
O novo nascimento é:
1. Regeneração (Tt
3.5).
2. Condição
essencial para entrar no Reino de Deus (Jo 3.3,5).
3. Uma mudança
interior que reflete no exterior (2 Co 5.17).
4. Abandonar a
prática do pecado (1 Jo 3.9).
5. Comunhão com
Deus.
Jesus foi categórico: “Aquele que não nascer de novo não pode
ver o Reino de Deus” (Jo 3.3). As Escrituras também afirmam: “E, assim, se
alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que
se fizeram novas” (2 Co 5.17). Por conseguinte, a mudança de caráter do homem, outrora sem
Deus, em um novo homem à semelhança de Cristo, é a comprovação objetiva da nova
vida em Cristo Jesus (Ef 4.25-32). Você já experimentou o novo nascimento?
Saiba que a regeneração é uma nova dimensão de vida produzida pelo Espírito
Santo.
I. O NOVO CONVERTIDO É UMA NOVA CRIATURA
1. Uma nova criação. “Assim que, se
alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que
tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Note que o texto bíblico não diz “será”, mas,
sim, “é”. Isto significa que o novo convertido sofreu uma mudança radical de
vida. Agora, ele tem outro coração (Ez 36.26); outra mente — a de Cristo — (1
Co 2.16); outro pensamento (Fp 4.8); outro alvo — Cristo Jesus — (Fp 1.21).
Quando pela fé, aceitamos o sacrifício de Cristo, damos o
primeiro passo na vida cristã e imediatamente inicia-se um processo de
transformação, em nosso interior, para experimentarmos “a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
2. Transformação radical. Ser
uma nova criatura em Deus não implica numa mera reforma exterior. Apesar de o
cristão ser distinto do mundo em sua maneira de ser e de agir, sua nova vida
não está assentada apenas em regras comportamentais, sociais e religiosas. Mas
na pedra de esquina que é Cristo Jesus, nosso Senhor e Rei (Ef 2.20).
Na verdade, aquele que “nasce de novo” sofre uma transformação
radical de vida, começando pelo seu interior, abrangendo todo seu coração,
desejo e vontade (At 2.37; Rm 5.5; 2 Co 7.2). Tal transformação é refletida nas
esferas espiritual e social da vida do novo convertido (Mt 5.13.14).
3. Uma nova dimensão de
vida. Escreveu Paulo a Tito: “Ensinando-nos
que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste
presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2.12). Este versículo evidencia a
nossa luta diária em um mundo marcado pela impiedade. Mas Deus nos convida a
cultivar uma vida de sobriedade (bom senso), justiça (retidão) e piedade
(espiritualidade) “neste presente século”. Se assim agirmos, causaremos um
impacto singular na sociedade na qual estamos inseridos, levando-a a
transformar-se pelo poder do Evangelho de Cristo.
II. O PASSADO SE FOI E EIS QUE TUDO É NOVO
1. O passado ficou para trás. Quando
alguém confessa seus pecados e os abandona é sinal de que foi regenerado,
alcançando plenamente, no Senhor, a cura de sua alma (1 Pe 1.3; Is 43.25; Pv
28.13; 2 Cr 7.14). O que era impróprio, indigno e pecaminoso é sepultado e para
sempre esquecido. Eis o que nos garante o próprio Senhor: “Pois perdoarei as
suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Jr 31.34). De fato,
“as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Esqueça, pois, o que
ficou para trás (Fp 3.13,14). Viva, doravante, em novidade de vida com a bênção
de Deus e na consolação do Espírito Santo (Hb 8.12; Mq 7.19).
2. “Eis que tudo se fez novo”. Esta
é uma expressão abrangente e profunda. Tudo o que Deus faz é perfeito e bom.
Por isso, a nossa vida é sempre renovada (2 Co 4.16; Ap 21.5). Podemos
desfrutar diariamente da presença de Deus, pois as suas misericórdias são novas
a cada manhã (Lm 3.23) e a sua graça nos basta (2 Co 12.9). O Senhor não nos
deixa nem nos desampara (Hb 13.5,6). Ele nos toma pela “mão direita” e diz:
“Não temas que eu te ajudo” (Is 41.10,13).
3. É tempo de avançar. Confessa Paulo
aos filipenses: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma
coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as
que diante de mim estão” (Fp 3.13). O passado ficou para trás; tudo agora se
fez novo. Louvado seja Deus!
Avancemos, “olhando para Jesus, o autor e consumador da fé” (Hb
12.2). Enquanto o apóstolo Pedro olhava para o Senhor, caminhava por sobre
águas. Porém, ao desviar os seus olhos de Cristo, começou a ser envolvido pelas
ondas daquelas águas (Mt 14.22-33). Portanto, avancemos para grandes vitórias
em Deus, olhando somente para Cristo, a nossa eterna e sublime esperança (Cl
1.27; 1 Tm 1.1).
III. QUANDO ESTAMOS EM CRISTO
1. Temos um novo olhar. A fé em Jesus
Cristo muda o nosso interior, abrindo-nos novos horizontes e perspectivas. Já
não atentamos mais aos nossos interesses, mas para os de Deus, porque
pertencemos única e exclusivamente ao Pai: “Estou crucificado com Cristo” (Cl
2.20). E doravante a nossa a luta não é mais contra a “carne e sangue”, mas
contra os “principados” e “potestades” nos “lugares celestiais” (Ef 6.12). Este
deve ser o nosso alvo: um amoroso serviço em prol do Reino de Deus (Mc 12.31;
Rm 14.1; 1 Co 12.4-7).
2. Temos uma nova atitude. Quando
Cristo torna-se o centro de nossas vidas, nossas atitudes passam a ser pautadas
segundo a Palavra de Deus. Em vez de contenda, confusão ou gritaria (Ef 4.31),
buscamos a paz de Deus, a direção do Senhor e o refrigério do Espírito Santo
para conduzir-nos por um novo e vivo caminho (Rm 6.4; Hb 12.14).
3. Temos uma nova vida abençoada. A verdadeira felicidade consiste em viver de acordo com os
princípios eternos do Reino de Deus. Não há felicidade sem Cristo! Porque em
Jesus, o Pai concede-nos bênçãos especiais: a vida (1 Jo 5.12), a luz (Jo
8.12), a liberdade (2 Co 3.17), o amor (Rm 5.5), a alegria (Jo 16.22), o perdão
(1 Jo 1.7), a paz (Rm 5.1), o propósito de vida (Fp 1.21), a provisão (Fp
4.19), o futuro com Cristo (Jo 14.2,3). Testemunhemos, pois, de Jesus Cristo
até aos confins da terra (At 1.8).
CONCLUSÃO
A verdadeira alegria é o resultado do novo nascimento. Muitos
buscam ser felizes pela aquisição de bens materiais, mas a real felicidade é o
resultado de uma mudança radical em nosso ser. Esta mudança é perfeitamente
possível. Basta crer e permitir que o Senhor Jesus o faça. Deixe o seu passado
para trás e avance para o alvo que é Cristo, o autor e consumador de nossa fé.
“Quando correspondemos ao
chamado divino e ao convite do Espírito e da Palavra, Deus realiza atos
soberanos que nos introduzem na família de seu Reino: regenera os que estão
mortos nos seus delitos e pecados; justifica os que estão condenados diante de
um Deus santo e adota os filhos do inimigo. Embora estes atos ocorram
simultaneamente naquele que crê, é possível examiná-los separadamente.
A regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo,
mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por
‘regeneração’ aparece apenas duas vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28
emprega-o com referência aos tempos do fim. Somente em Tito 3.5 se refere à
renovação espiritual do indivíduo. Embora o Antigo Testamento tenha em vista a
nação de Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o
que acontece.
O Novo Testamento apresenta a figura do ser criado de novo (2 Co
5.1 7) e da renovação (Tt 3.5), porém a mais comum é a de ‘nascer’ (gr. gennaō, ‘gerar’ ou ‘dar à
luz’).
[...] Nascer de novo diz respeito a uma transformação radical.
Mas ainda se faz mister um processo de amadurecimento. A regeneração é o início
do nosso crescimento no conhecimento de Deus, na nossa experiência de Cristo e
do Espírito e no nosso caráter moral” (HORTON, S. M. Teologia
Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. 1.ed., RJ: CPAD,
1996, pp.371-2).
“O novo nascimento no Evangelho de João
Encontramos a única menção explícita ao novo nascimento na
conversa de Jesus com Nicodemos (3.1-21). Jesus fala a Nicodemos: ‘Na verdade,
na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de
Deus’ (v.3). A réplica de Nicodemos: ‘Como pode um homem nascer, sendo velho?
Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?’ (v.4), indica
que ele entendeu o comentário de Jesus na esfera humana, física. A
interpretação errônea de Nicodemos fornece a Jesus a oportunidade de esclarecer
o que queria dizer. Ele fala da necessidade de um novo nascimento espiritual,
não de um segundo nascimento físico (vv.6-8). A interpretação errônea e o
esclarecimento resultante dela são refletidos em um jogo de palavras no
versículo 3 (repetidas no v.7). A palavra grega aōthen, traduzida por
‘novo’, na NVI, pode querer dizer ‘de novo’ ou ‘de cima’. Contudo, o fato de
Nicodemos entendê-la com o sentido de ‘de novo’ leva-o a concluir que Jesus
fala de um segundo nascimento físico, mas a resposta de Jesus, registrada nos
versículos 6-8, mostra que Ele se refere à necessidade de um nascimento
espiritual, um nascimento ‘de cima’. Esse novo nascimento não é resultado de
nenhum ato humano (cf. v.6), é obra do Espírito Santo (v.8). É necessária a
atividade sobrenatural do Espírito de Deus para realizar esse novo nascimento
espiritual no indivíduo. Ele não consiste apenas em percepção ou compreensão
mais excelente, mas na completa transformação do indivíduo (cf. 2 Co 5.17)”
[ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Novo Testamento. 1.ed., RJ:
CPAD, 2008, pp.245-6].
FONTE: LIÇÕES BÍBLICAS - CPAD