segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Igreja organismo ou organização?

                                  

(FONTE: APOSTILA TEOLOGIA SISTEMÁTICA II - DAVI ALENCAR SANTANA)


Quando se fala de igreja as pessoas podem ter as mais diversas imagens sobre “Igreja” em suas mentes, entre elas: 

· O templo onde se cultua 

· Uma religião específica, como católicos, ortodoxos, evangélicos ou protestantes. 

· Uma congregação local, onde a pessoa esta filiada. 

· Uma denominação específica. 

· Um ministério de uma denominação 

· O corpo de Jesus Cristo na terra, composto de pessoas unidas espiritualmente pelas cenças, valores e revelações expostas pelos escritores da bíblia, 



Durante estes estudos, sempre estaremos citando estas cinco definições de “igreja”, quando for necessário, contudo nosso objetivo maior é abordar a quinta em especial. 

Segundo Oliveira: 

O ensino das escrituras sobre a Igreja é tão evidente como qualquer outra doutrina; contudo, a concepção de cristãos, até professos, sobre o assunto, é às vezes muito indefinido e vago. Isso sem duvida se deve ao fato de que, segundo o emprego humano, o termo igreja tem numerosos e variados significados. O termo igreja é empregado para distinguir as pessoas religiosas e não-religiosas. É usado no sentido denominacional, para se fazer distinção entre grupos cristãos organizados, como: Igreja Presbiteriana, Igreja Metodista ou Igreja católica Romana. É usado em relação a edifícios, designando um local de reunião em que os cristãos se reúnem para adorar. Esse emprego do termo como sentido variado tende a obscurecer o verdadeiro significado do vocábulo. Só quando chegamos ao uso bíblico do termo, é que verificamos que essa dificuldade desaparece. (1999, p.119) 

Israel é descrito como uma igreja no sentido de ser uma nação chamada dentre as outras nações para ser um povo formado de servos de Deus. Com esse sentido o termo aparece no original em Atos 7.38. Quando o Antigo Testamento foi traduzido do hebraico para o grego, a palavra congregação (de Israel) foi traduzida ekklesia ou igreja. Israel, pois era a congregação ou a igreja de Jeová no Antigo Testamento. Depois dessa igreja judaica tê-lo rejeitado,Cristo predisse a fundação de uma nova congregação ou igreja, uma instituição divina que continuaria a Sua obra na terra (Mt 16.18). É a Igreja de Cristo, que começou a existir fisicamente a partir do dia de Pentecostes, conforme Atos 2.(1999, p. 121) 



1. A IGREJA E SUA ORIGEM DIVINA E HISTÓRICA 


Sempre que vamos tratar deste assunto, devemos iniciar a discussão ou a exposição com a expressão o ua declaração do próprio fundador da igreja, Jesus Cristo: 

Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mt16:18) 


O apostolo foi um dos maiores doutrinadores sobre este assunto disse aos irmãos efésios: 

Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios.Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada. Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi. Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo. O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas. A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho. Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo. E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo. Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus. Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor. (Efésios 3:1-11) 



Paulo aqui destaca alguns princípios doutrinários, a saber: 

· A igreja foi gerada pela graça divina, pelo favor imerecido de Deus 

· A igreja era um mistério revelado por Cristo. 

· A igreja é uma união que até então era inconcebível, de judeus e gentios 

· A igreja iniciava uma nova dispensação, um novo tempo, uma nova oportunidade para a humanidade, baseada em novas revelações. 

· O projeto de Deus chamado igreja só foi possível por causa de Jesus Cristo. 

· A igreja era um projeto eterno de Deus, que em sua presciência o concebeu. 

Nos ensinos do Senhor Jesus Cristo cumpriu-se grande parte de Mateus 13.35: “publicarei coisas ocultos desde a criação (do mundo).” E o apostolo Paulo fala com frequência dos mistérios que lhe foram revelados. Ele relembra aos que leram sua carta aos Efésios, que antes já havia mencionado este mistério em poucas palavras, em seguida fala do “mistério de Cristo”. Que vem a ser isto? Não se refere unicamente a Igreja, na qualidade de corpo de Cristo. Esse mistério do Cristo eternamente vivo, tendo um corpo composto de crentes judeus é gentios é o mistério que em épocas passadas, não fora revelado aos filhos dos homens.A Igreja, no plano de Deus, conforme vemos em Efésios 3.8-10, já existia bem antes que qualquer outra coisa viesse à existência; isso com base no sangue do cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Deus, segundo o Seu plano, permitiu que as eras se fossem escoando até que achou por bem tornar a Igreja conhecida. (Oliveira, 1999, p. 121) 



Já está claro para nós que a Igreja nunca foi um projeto humano, assim percebemos que quando ela passou a existir e se expandir, quem estava por traz deste crescimento que até hoje é socialmente inexplicável, era e é o própio Deus, criador e sustentador dela, por isso que com certeza as perseguições que ela sofreu, os mártires que lhe foram aos milhares assassinados, não foi o suficiente para empatar ou destruir aquela que Jesus edificara. 

Quanto ao seu nascimento histórico, nos remetemos ao Dia de Pentecostes, conforme Atos dos Apóstolos, capítulo dois, onde estavam reunidos cerca de cento e vinte pessoas, aguardando uma promessa de revestimento espiritual para começarem seu ministério, quando são envolvidos pelo Espírito Santo e uma vez cheios do “poder divino”, se encontram agora cheios também de “autoridade divina” para saírem das quatro paredes do cenáculo, para irem as cidades mais distantes de Israel e depois aos países mais longe da Palestina, ao mundo, a fim de levarem as boas novas do evangelho e cumprirem a grande comissão deixada por Cristo, seu fundador e sustentador. 

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas. Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram...” (Marcos 16:15-20) 

Os apóstolos edificaram os fundamentos sobre Cristo, que é a principal pedra de fundamentação da Igreja, quando dizemos que ele é a pedra fundamental, nos referimos a sua vida, caráter, ministério e obra: 



“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”. (Efésios 2:20) 

Segundo Donald Stamps, o editor geral da bíblia de Estudos Pentecostal, A Igreja foi fundada sobre a confissão de Pedro feita em Mt 16.18, (Stamps, 1995, p. 1421). Sendo assim quando Pedro afirma que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus Vivo, ele reconhece este como Messias prometido e com base em sua confissão Jesus declara que sua igreja seria fundada. 




2. DEFINIÇÕES SOBRE O QUE É A IGREJA 

Na introdução desta matéria, dissemos que a igreja pode ser vista como templo, religião, congregação, segmento, ministério e por fim o corpo vivo de Jesus, agora com base nesta última definição, vejamos o que a bíblia pode nos revelar e ensinar sobre ela: 

A IGREJA SÃO TODOS OS NASCIDOS DE NOVO DA ÁGUA E DO ESPÍRITO 

A Igreja é formada exclusivamente de pessoas nascidas de novo pela instrumentalidade do Espírito Santo e da Palavra de Deus, conforme: 

Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. (João 3:5) 


A IGREJA É A NOIVA QUE SE TORNARÁ ESPOSA DE CRISTO 

Ela é chamada assim pela comunhão íntima que deve desfrutar com seu Cristo, aqui e no porvir: 

“Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim pois já esse meu gozo está cumprido.”
                                                  (Jo 3.29 ) 


“E eu, João, vi a santa cidade a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.” (Ap 21.2) 





A IGREJA É O TEMPLO DO DEUS VIVO 

Quando falamos que ela é o templo afirmamos que 



· Ela é o lugar onde Deus pelo seu Espírito habita. (1Co 3.16-17) 

· Ela tem como edifício a pedra fundamental que é Cristo. (Ef 2.20) 

· Ela é formada por pedras vivas que são os cristãos. (1Pe 2.5) 



A IGREJA É O CORPO DE JESUS CRISTO NA TERRA 


Quando afirmamos isto, estamos dizendo que as ações de Jesus hoje na terra são reais a partir dos movimentos de seu povo, de seus eleitos de seus escolhidos, regenerados que agem tendo ele como sua cabeça e dirigente geral. 

“Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros”. (Romanos 12:5) 

“Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. (Efésios 5:2

A Igreja universal invisível, da qual Cristo é a cabeça, não é organização, mas um organismo vivo, pois em cada um dos seus membros palpita a vida do Senhor Jesus Cristo. Ele é quem rege todos esse corpo místico e comunica a cada um dos Seus membros sua sabedoria, justiça, santidade, vida e poder, uma pessoa que pelo novo nascimento se uniu ao Senhor, forma parte com os demais remidos, de um organismo no qual estão o amor e a graça de Jesus Cristo cada um dos membros deste corpo, por menor que seja, integra este grande organismo. E o membro que ocupa um lugar mais humilde, porque todos os membros são necessários ao bom desempenho do corpo. 

Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. (1 Coríntios 12:27


A IGREJA É A ELEITA, NAÇÃO E SACERDÓCIO 

· Como eleita, ela tem direitos e deveres. 

· Como nação, ela pertence a Deus, é o seu povo. 

· Como sacerdócio, ela deve ser intercessora e levar Deus aos homens e os homens à Deus. 

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.              (1 Pedro 2:9-10) 




3. O FUNDAMENTO DA IGREJA: JESUS CRISTO 



As escrituras sagradas sempre fizeram questão de frisar que Jesus é o fundamento sobre o qual toda a Igreja está estruturada e edificada. Na tradição católica o apóstolo Pedro é apontado como sendo o “fundamento” sobre o qual a igreja se edificou, mas algumas rápidas explicações revelam que isto é um erro de interpretação: 

· Pedro jamais assumiu o pastorado principal da Igreja primitiva, sendo bem mais provável que Tiago foi o pastor apostólico que presidiu a igreja em Jerusalém em sua época, conforme as tradições judaico-cristãs e referências bíblicas. (At 15 e Gl 2)



· No grego o substantivo “petra” é a palavra que designa uma “grande e firme rocha”. Já o nome Pedro ou Cefas, é oriundo da palavra “petros” e é aplicado geralmente a pequenas pedras, fragmentos de rocha, blocos de rocha móveis, bem como pedra de arremesso. Portanto, uma Igreja sobre a qual as portas do inferno não prevalecerão, como Jesus prometeu (Mt 16.18), não pode repousar sobre Pedro, por mais excelente que tenha sido este apóstolo em seu ministério. 


· Cristo é a pedra. “Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxilio de mãos, feriu a estatua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou.” (Dn 2.34.) 

“edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular.” (Ef 2.20) “Ainda não lestes esta Escritura: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Esta foi posta por cabeça de esquina. Isto foi feito pelo Senhor E é coisa maravilhosa aos nossos olhos?”(Mc 12:10-11) 


· O próprio apóstolo Pedro diz: “este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular.” (At 4.11) ... “chegando-vos para Ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa.” (1 Pe 2.4) “... vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.”
                                                                                                 (1 Pe 2.5) 


4. A IGREJA ORGANISMO OU ORGANIZAÇÃO ?



A igreja primitiva nasceu debaixo de inúmeros inimigos externos, como o Sinédrio, o poder de Roma e seus imperadores, os judeus adeptos das seitas judaicas, como os fariseus e saduceus e ainda os partidos políticos, como o dos herodianos. Enfim, havia muita perseguição e oposição, porém o inimigo mais perigoso não era o que vinha de fora e sim o interno, que atacava, como um câncer, as estruturas espirituais do organismo vivo, da comunidade cristã, de dentro para fora. 

A carta de Paulo aos coríntios tem muito a nos ensinar, devido ao seu conteúdo, que discorre sobre problemas que foram tratados, e eram muito semelhantes aos que as igrejas locais hoje enfrentam. Problemas conjugais, desunião, desordem no culto, vaidade de pregadores, falta de sabedoria no uso dos dons espirituais, desconhecimento das doutrinas básicas da fé cristã, entre tantos outros, existiam naquela comunidade de fé. 

As igrejas locais de hoje, tem muito em comum com a igreja de Corinto, tanto em suas virtudes como nos seus defeitos. Nesta carta vai ficar evidente que elas têm um lado muito lindo a ser observado e expandido no tocante ao uso, dos dons espirituais, contudo vai ficar claro também que temos grandes problemas a serem abordados com muita seriedade, que é a ausência de espiritualidade, por falta de observância do fruto do Espírito, na vida de muitos membros e porque não dizer de muitos obreiros também. 

As igrejas locais nunca foram e nunca serão perfeitas aqui na terra. Partindo desta conclusão nós evitaremos a ilusão de exigir algo de nós e dos outros que nunca iremos alcançar. Enquanto vivermos neste corpo, teremos que conviver com muitas limitações e fraquezas, que só serão vencidas e amenizadas com uma maturidade maior de cada filho de Deus. 

Devemos trabalhar para ter uma igreja ideal, segundo o modelo bíblico, contudo já sabendo de antemão que vivemos em uma igreja real, não de anjos ou de seres glorificados e impossibilitados de pecar. Isto evitará muitas decepções. 

As igrejas locais amadurecerão muito, se conseguirem aplicar os ensinamentos divinamente inspirados desta carta, em sua vida prática, seja de forma coletiva ou individual. 



A Igreja é visível e invisível. A Igreja é um organismo vivo, mas também é uma organização. A Igreja se divide nestes dois aspectos que deevem ser conhecidos, entendidos e examinados por todos aqueles que dela fazem parte. Aqueles que se preocupam exclusivamente com o aspecto da Igreja, como organização, têm uma tendência de se tornarem formalistas e focarem sua atenção tão somente com programações, ritos, liturgias e elementos visíveis dela. Já os que se voltam apenas para seu aspecto místico e misterioso e passam a vê-la tão somente como organismo vivo, pendem para o fanatismo, pois se esquecem com facilidades de sua existência organizacional. Voltando toda atenção para a espiritualidade, vivem de ideais e se esquecem da igreja real. 

A igreja como organização precisa de: 

· Cumprir a legislação vigente do país em que está inserida. 

· Nomear Diretoria, elaborar estatuto social, ter CNPJ, possuir conselho doutrinário, realizar obras sociais, etc... 

· Equipes e departamentos diversos para sua organização, como secretaria, tesouraria, conselho fiscal, departamentos litúrgicos, etc... 



A Igreja também é um organismo e como tal possui um manual que deve reger sua conduta, seus passos e orientar sua vida. Vamos estudar alguns princípios para compreender melhor esta realidade: 


· Jesus Cristo é cabeça da Igreja. O que isto significa? 

Significa que as orientações principais emanam dele que é o cérebro, o dirigente, o instrutor, aquele que dominará sobre o corpo que é a igreja. Neste sentido ele deve ser reverenciado como Senhor e deve ser obedecido. (Ef 1.22,23;5.23 ). O grande problema da igreja atual e moderna é que ela quer um Salvador, mas não está disposta a ter um Senhor. 



· Jesus concedeu uma missão para esta igreja. A igreja viva foi convocada para ir até os que estão perdidos e lhes revelar o amor salvador do Pai. Revelar o senhorio de Cristo através de seu comportamento diário, que deve refletir o caráter de Jesus e também através da pregação do evangelho. 


“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado, e eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”. (Mt 28.18-20) 



O programa de Deus para alcançar o mundo e transformar o homem, envolveu a encarnação da segunda Pessoa Trindade. Esta verdade é expressa nas palavras do apostolo João: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós...” (Jo 1.14). O Verbo (Cristo) se fez carne para poder ser compreendido e visto pelo homem. esta é a função e vocação da Igreja de Cristo: permitir que o Verbo se manifeste através de seus membros. A missão da Igreja no mundo seria um mistério, se não soubéssemos que sua principal missão é continuar a obra de redenção do homem caído, vindo a ser para o mundo aquilo que Cristo é para ela mesma. A encarnação do Verbo divino é um mistério, entretanto, a razão porque Ele se manifestou em carne não é um ministério. As origens da Igreja podem estar no eterno passado, mas a sua missão está claramente no presente – ser uma benção para as nações, assim como foi Cristo o Seu divino fundador e fundamento. (Oliveira, p.129) 



· A Igreja de Cristo, como organismo vivo, tem seus obreiros e líderes espirituais. Estes lhe foram dados como “dons (presentes) de Deus”. São dons em forma de homens por Ele chamados e capacitados para liderar, cuidar e orientar seu povo. São eles: 


1. Diáconos 

2. Presbíteros 

3. Evangelistas 

4. Pastores-mestres 

5. Apóstolos 

(At 20.28, 1 Pe 5.2,3, Efésios 4.11, Hb 3.1, Tm 3 e 5.17-25, Tt 1.5-16) 


O ministro de Deus é um vigia sobre as muralhas de Sião. Ele vê o perigo e cabe-lhe avisar aos pecadores que o dia do julgamento se aproxima. Caso Ele não aja assim, será considerado responsável pela perda dessas almas. A mais terrível declaração com respeito aos pastores sem fé, vitimados pelo pecado da desobediência, da avareza, embriaguez e glutonaria, se encontra em Isaias 56.9-12, que diz: “Vós, todos os animais do campo, todas as feras dos bosques, vinde comer. Os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; sonhadores preguiçosos, gostam de dormir. Tais cães são gulosos, nunca se fartam; são pastores que nada compreendem, e todos se tornam para seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção. Vinde, dizem eles, trarei vinho, e nos encharcaremos de bebida forte; o dia de amanhã será como este e ainda maior e mais famoso.” O versículo 12 os acusa de “beberrões e glutões”. “Ovelhas perdidas foram o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, para os montes as deixaram desviar; de monte em outeiro andaram, esqueceram-se do lugar de seu repouso.” (Jr 50.6) isso aconteceu a Israel. Ficando para nós o aviso e o exemplo para que assim não façamos. (Oliveira, p.1999, p.128) 


Aquele que sofre pelo rebanho é também aquele que será galardoado pelo serviço prestado: 

“Rogo, pois aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da gloria que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, na por constrangimento MS espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores do que foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho, ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.” (1Pe 5.1-4) 



· Jesus convocou sua igreja, como seu organismo vivo na terra, para edificar os santos. 

Ao nos reunirmos como corpo místico de Cristo, nós temos obrigação moral e espiritual diante de Deus, nosso Pai, de nos edificarmos mutuamente em amor. Apoiando uns aos outros, aconselhando e exortando-nos uns aos outros e ainda intercedendo uns pelos outros. 

“E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros par pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo.” (Ef 4.11-13) 



· Jesus convocou sua igreja como seu organismo vivo na terra para socorrer os necessitados. Acredito que um dos pontos em que a igreja contemporânea tem mais se omitido, em sua missão, é no socorro para com os que necessitam. Usamos de desculpas diversas e não cumprimos de forma integral a nossa missão. Estamos tão preocupados em “salvar alamas do inferno” que esquecemos que elas antes de morrer vivem em um corpo físico, com necessidades físicas, emocionais e espirituais. Ao olhar só para a alma imortal, nos esquecemos do ser humano holístico, integral e suas necessidades imediatas. Assim perdemos também uma ótima oportunidade de evangelização que nos é dada. 





“Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.
Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim”. (Mateus 25:37-45) 



· Jesus convocou sua igreja com organismo vivo para espera-lo sem se contaminar com o mundo. Quando uso a expressão ”mundo” tenho que explicar que existem pelo menos três interpretações para este vocábulo na bíblia: 



1. Mundo – Criação (Rm 8.22) 

2. Mundo – Pessoas (Jo 3.16) 

3. Mundo – Sistema Maligno (1 Jo 2.15-17) 



O mundo que devemos nos preservar dele é este terceiro, regido e orquestrado pelo diabo e seus demônios. Ao viver uma vida na prática do erro, do pecado da malícia, é neste mundo que o homem está inserido. Os que vivem na prática do mal são alertados que não vão herdar o reino vindouro. 



Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. (1 Coríntios 6:10

Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. (Gálatas 5:21

Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? (1 Coríntios 6:7) 





CONCLUSÃO: 


Como organismo vivo a igreja sempre foi militante e triunfante, contudo como organização ou igreja local, muitas tem ao longo dos tempos se apostatado da fé e até destruídas foram pelo sistema regido por Satanás. Li um texto do Pr. Ricardo Gondim, presidente da convenção das igrejas Betesda no Brasil, intitulado “Igrejas também morrem”, que me fez refletir sobre o estado das igrejas locais, as organizações ou instituições evangélicas e protestantes brasileiras, das quais eu também faço parte. Eu compartilho este texto como conclusão deste tema e reflexão para nossa advertência: 


Na Inglaterra, entrei em um salão de snooker sentindo náuseas. A vertigem que invadiu meu corpo foi diferente de tudo que já sentira antes. As mesas verdes espalShadas pelo largo espaço lembravam-me um necrotério.
Eu explico o porquê. Aquele salão havia sido a nave de uma igreja, que definhou através dos anos, até ser vendido. O pastor que me levou nessa insólita visita relatou que na Inglaterra há um grande número de igrejas que morreram lentamente. Devido aos altos custos de manutenção, só restava ao remanescente negociá-las. Os maiores compradores, segundo ele, são os muçulmanos, donos de lojas de antiguidades e, infelizmente, de bares e boates. Vendo o púlpito talhado em pedra com inscrições de textos bíblicos — “Pregamos a Cristo crucificado”; “O sangue Cristo nos purifica de todo pecado” —, voltei no tempo e lembrei-me de que aquela igreja, fundada durante o avivamento wesleyano, já fora um espaço de muita vitalidade espiritual. As placas de granito e mármore, ainda fixadas nas paredes, mostravam que naquele altar — então balcão do bar — pregaram pastores e missionários ilustres. Imaginei aquele grande espaço, hoje cheio de homens vazios, lotado de pessoas ansiosas por participarem do mover de Deus que varria toda a Inglaterra. Perguntei a mim mesmo: “o que levou essa congregação a morrer de forma tão patética?”. Nesses meus solilóquios, pensei no Brasil. Semelhantemente ao avivamento wesleyano, experimentamos um crescimento numérico nas igrejas brasileiras. Há uma efervescência religiosa em nosso país. As periferias das grandes cidades estão apinhadas de templos evangélicos, todos repletos. Grandes denominações compram estações de rádio e televisão. Cantores evangélicos gravam e vendem muitos CD’s. Publicam-se revistas e livros. Comercializam-se bugigangas religiosas nas várias livrarias, que também se multiplicam, interligadas pelo sistema de franquias. Por outro lado, diferentemente do que aconteceu na Inglaterra, o despertamento religioso brasileiro tem uma consistência doutrinária rala, demonstra pouca preocupação ética e um mínimo de impacto social. 

Os desdobramentos destas constatações são preocupantes. Se, com toda a firmeza doutrinária, ética e disciplina anglo-saxônica aquelas igrejas morreram, o mesmo pode acontecer no Brasil? Infelizmente sim. As razões que implodiram inúmeras congregações européias, obviamente são diferentes. Lá, houve um forte movimento anti-clerical motivado pela secularização do Estado e das universidades. A teologia liberal minou o ânimo evangelístico e os processos de institucionalização do que era apenas um movimento jogaram a última pá de cal nos sonhos dos antigos avivalistas ingleses. 

Quais os perigos que ameaçam o futuro do movimento evangélico brasileiro? Alguns já se mostram de forma exuberante. 

A trivialização do sagrado 

Visitar qualquer igreja evangélica no Brasil é oportunidade para perceber uma forte tendência teológica e litúrgica na busca de uma divindade que se molde aos contornos teológicos dessa igreja e que ofereça apoio aos anseios e caprichos pessoais. Faltam temor e espanto diante de Deus. O único medo é o do pastor: de que a oferta não cubra as despesas e os seus planos de expansão. A cultura evangélicanacional está fomentando uma atitude muito displicente quanto ao sagrado. O deus que está a serviço de seu povo para lhes cumprir todos os desejos certamente não é o Deus da exortação de Hebreus 12.28-29: “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor”. O tom de voz exigente e determinante como se fala com Deus hoje deixa a dúvida quanto a quem é o senhor de quem. As experiências que só geram arrepios pelo corpo são relatadas como se Deus fosse apenas um estimulante químico. Certos pastores dizem falar e ouvir a voz de Deus — para serem contraditos pelas suas próprias falsas profecias — sem levar em conta que “Deus não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão”. Os milagres, aumentados pela manipulação, revelam uma falta de temor. O descaso com o sagrado é uma faca de dois gumes. Se, por um lado, demonstra grande familiaridade, por outro, gera complacência. Complacência e enfado são sinônimos entre si. Se nos acostumarmos com o mistério de Deus e trivializarmos sua presença, acabaremos colocando-o na mesma categoria de nossos encontros mais corriqueiros, daqueles que podem ser adiados ou não, dependendo de nossas conveniências. Acabaremos entediados de Deus. 

O esvaziamento dos conteúdos 

Uma das marcas mais patéticas do tempo em que vivemos é a repetição maçante de jargões nos púlpitos evangélicos. Frases de efeito são copiadas e multiplicadas nos sermões. Algumas, vazias de conteúdo, criam êxtases sem nenhum desdobramento. Servem para esconder o despreparo teológico e a falta de esmero ministerial. Manipulam-se os auditórios, eleva-se a temperatura emotiva dos cultos, mas não se cria um enraizamento de princípios. Gera-se um falso júbilo, mas não se fornecem ferramentas para criar convicções espirituais. Hannah Arendet, filósofa do século XX, ao comentar sobre o fato de que Eichmann, nazista, braço direito de Hitler, respondeu com evasivas às interrogações do tribunal de guerra que o julgava sobre seus crimes, afirmou: “Clichês, frases feitas, adesões a condutas e códigos de expressão convencionais e padronizados têm a função socialmente reconhecida de nos proteger da realidade, ou seja, da exigência de atenção do pensamento feita por todos os fatos e acontecimentos”. 

Qual será o futuro dessa geração que se contenta com um papagaiar contínuo de frases ocas que só prometem prosperidade, vitória sobre demônios e triunfo na vida? 

A mistura de meios e fins 

Por anos, combateu-se a idéia de que os fins justificavam os meios, porque essa premissa justificava comportamentos aéticos. Hoje, o problema aprofundou-se. Não se sabe mais o que é meio e o que é fim. Não se sabe mais se a igreja existe para levantar dinheiro ou se o dinheiro existe para dar continuidade à igreja. Canta-se para louvar a Deus ou para entretenimento do povo? Publicam-se livros como negócio ou para divulgar uma idéia? Os programas de televisão visam popularizar determinado ministério ou a proclamação da mensagem? As respostas a essas perguntas não são facilmente encontradas. Cristo não virou as mesas dos cambistas no templo simplesmente porque eles pretendiam prestar um serviço aos peregrinos que vinham adorar no templo. Ele detectou que os meios e os fins estavam confusos e que já não se discernia com clareza se o templo existia para mercadejar ou se mercadejava para ajudar no culto. A obsessão por dinheiro, a corrida desenfreada por fama e prestígio, a paixão por títulos, revelam que muitas igrejas já não sabem se existem para faturar. Muitos líderes já não gastam suas energias buscando um auditório que os ouça, mas procuram uma mensagem que segure o seu auditório. A confusão de meios e fins mata igrejas por asfixia. 

O livro do Apocalipse mantém a advertência, muitas vezes desapercebida, de que igrejas morrem. As sete igrejas ali mencionadas — inclusive a irrepreensível Filadélfia — acabaram-se. Resumem-se a meros registros históricos. Não podemos achar abrigo na promessa de Mateus 16 — de que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja — para justificar qualquer irresponsabilidade. O livro do Apocalipse adverte: “Lembra-te, pois, de onde caíste arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras; e se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap 2.5). 

Crescer numericamente não imuniza a igreja de perigos. Pelo contrário, torna-a mais vulnerável. Resta perguntar: Será que agora, famosos e numericamente profusos, não estamos precisando de profetas? Será que o tão propalado avivamento evangélico brasileiro não necessita de uma Reforma? Aprendamos com a história. Um pequeno desvio hoje pode tornar-se um abismo amanhã. Imaginar que podemos condenar nossas igrejas a se tornarem bares de snooker é um sonho horrível. Porém, se não fizermos algo, esse pesadelo pode se tornar realidade. Que Deus nos ajude. (2012, p.75) 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


ORLANDO BOYER PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA - ED VIDA
RAIMUNDO FERREIRA DE OLIVEIRA - DOUTRINAS BÍBLICAS - EETAD
BANCROFT, TEOLOGIA ELEMENTAR - ED BATISTA REGULAR 
STAMPS, BIBLIA D EESTUDOS PENTECOSTAL - CPAD
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD 4 SEMESTRE 1998 - CPAD
CARL BOYD GIBBS - DOUTRINA DA SALVAÇÃO EETAD - 
POSSIBILIDADES PARA A FÉ CRISTÃ, FONTE EDITORIAL.



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