sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Discipulado Cristão

                         

Para a vida cristã o discipulado é algo de grande valia, tanto que o Senhor Jesus mandou que seus discípulos fizessem outros discípulos, “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”. (Mt 28.19) O discipulado não é algo que se deve ser feito de qualquer maneira, pela sua grande importância.  É através dele que os novos convertidos têm seu primeiro contato com as doutrinas bíblicas, trazendo o conhecimento real de Deus e mostrando para a pessoa quais são as suas responsabilidades como uma nova criatura e como ser um novo discipulador.

Em muitas igrejas o discipulado se restringe em uma classe de escola dominical ou em outro dia qualquer.  Mas ele não deve estar restrito só a classe de novos convertidos, e sim voltado para todos os crentes já que nunca teremos o conhecimento completo de tudo o que foi escrito na palavra de Deus de forma total e perfeita.  Todas as vezes que estudamos a palavra de Deus sempre vamos aprender algo novo e poderemos repassar para as outras pessoas. Como um discípulo temos o alvo de ser como o nosso mestre Jesus Cristo e para isso temos que ser muito bem instruídos, só assim poderemos chegar a ser parecidos com o nosso instrutor. “O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre”. (Lc 6:40).

O discipulado é ininterrupto, todos independente de quanto tempo de conversão tenham, precisam estar continuamente dentro de um discipulado. A vida cristã é uma vida de eterno aprendizado. O discipulado cristão é a condição para alguém aprender a ser discípulo de Jesus. É a capacidade dada por Deus para apreendermos o padrão da vida crista e transmitirmos todo esse aprendizado a outras pessoas. O amor é o elemento principal para que andemos em obediência e a bíblia é a principal ferramenta de trabalho.
Há um vínculo de fidelidade entre mestre e discípulo, alias não poderia ser diferente. A lealdade a Jesus Cristo é um pressuposto ao discipulado cristão. Não se pode dizer que se segue a Cristo, sem ser leal aos seus ensinos, e a sua pessoa. A aprendizagem e o discipulado será conduzida pelo Espírito de Deus, que após a volta de Cristo aos céus, veio nos ensinar todas as coisas, Ele é nosso ensinador e Mestre principal, mas Deus também usa os que tem mais maturidade do que a gente para nos aconselhar e aperfeiçoar a nossa vida relacional com Ele. Jesus Cristo continua sua ação discipuladora através do Espirito Santo. O preço do discipulado é alto. Todos os que quiserem seguir a Cristo, terão que estar dispostos a pagar o preço, caso contrário, jamais serão verdadeiros discípulos. Não há lugar no Reino de Deus, para aqueles que não assumem um compromisso de confessar a Cristo diante dos homens.

Discípulo, não é tão somente aquele que aprende; mas também o que assume um compromisso com o seu Mestre. O discipulado é amor pelos outros crentes e os não crentes, pois o Pai não nos deu o direito de identificar os não salvos. Não se entende discípulo de Cristo sem o amor fraternal. A prática do discipulado se estende a todas as áreas da nossa vida, seja religiosa ou secular. Nesta disciplina o aluno perceberá a importância de seguir a ordem de Jesus de ser um discípulo e um discipuldor. Para que a nossa tarefa de compartilhar o Reino de Deus se torne cada vez mais eficáz, precisamos transmitir a vida de Cristo, através do discipulado cristão.
  DISCIPULADO, UMA ORIENTAÇÃO DE JESUS
No final do evangelho segundo escreveu Mateus está escrito: E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. (Mt 28: 18-20) Ide e fazei discípulos de todas as nações é o mandamento do Senhor para nós. Todos no corpo de Cristo, são chamados a participarem dessa  tarefa, que não é um dom especial para uma minoria privilegiada, e sim um mandamento, e todos os que creem em Cristo não tem outra opção, senão obedecer.  

O QUE É O DISCIPULADO?
O discipulado é o relacionamento entre um mestre e um aluno baseado no modelo que é Jesus Cristo. Onde o mestre reproduz no aluno a plenitude da vida que há em Cristo, capacitando o aluno a treinar outros para que também ensinem novos discípulos Este relacionamento liga a pessoa à cadeia de autoridade existente na Igreja. Assim o discípulo é acompanhado em seu processo de crescimento e ajudado a conformar sua vida com o propósito de Deus, como também a se encaixar na vida da Igreja.  Discipular é transmitir a vida de Jesus para aqueles que estão sendo ensinados e encorajados a estreitar a cada dia o seu relacionamento com o Pai. É reproduzir essa vida em outras pessoas, ensinando-as a guardar tudo que Ele ordenou.

O QUE É UM DISCÍPULO?
            É aquele que crê no que Cristo disse na sua palavra e se dedica a fazer tudo o que Cristo mandou. É aquele que aprende, que está vivendo o que aprende e que busca comunicar aos outros aquilo que aprendeu. O discípulo de Cristo deve tomar algumas atitudes importantes, como:

·         Amar a Jesus sobre todas as coisas ( Lc14:26-27)
·         Renunciar a tudo que possui por amor a Cristo que possam atrapalhar a sua caminhada de fé ( Lc14:33)
·         Ser um praticante da palavra (Jo8:31)
·         Dedicar-se a amar o seu próximo (Jo13:34-35)
·         Buscar trabalhar na obra de Deus, para gerar frutos (Jo15:8)
·         Cultivar o fruto do Espírito Santo (Gl 5.21-22)

PORQUE FAZER DISCÍPULOS?
 Por que Jesus fez assim e mandou que fizéssemos também. Ele concentrou seus esforços em 12 homens. Ministrou em suas vidas durante três anos, de dia e de noite, nos dando o exemplo de como devemos fazer. Esta é uma ótima maneira de preparar pessoas para servir o Reino de Deus de forma mais esclarecida e bíblica. Sem submissão não há formação. O discípulo deve ser manso e humilde, estando sujeito aos seus líderes, sem rebeldia e obstinação. O princípio básico para ter autoridade é estar debaixo de autoridade de alguém e se sujeitar a ela, neste item Jesus Cristo é o maior exemplo de obediência e submissão, quando no seu relacionamento com o Pai durante todo o seu ministério terreno, foi obediente até a morte e morte de cruz (Fp 2.8). Ninguém tem autoridade em si mesmo. Nossa autoridade vem de Jesus. Autoridade é diferente de autoritarismo:

Autoridade: é algo que o indivíduo tem por deter conhecimento ou um cargo  específico e as responsabilidades  que  vem junto com estes conhecimentos  ou cargo, seja autoridade  executiva, legislativa, judiciária, ou eclesiástica. Autoridade tem a ver com liderança, comando, postura, respeito. Deve ser moderada  e  deve permitir que outros  tenham voz e possam crescer. No momento em que esta liderança passa a desconsiderar opinião, ou a pessoa do outro, passa a ser autoritarismo. Isso é terrível, nocivo ao bem estar do ser humano. Quando o homem tem autoridade o povo admira, ama, respeita.
Autoritarismo: é a imposição pela força, na marra, pelo grito: “eu sou”, “eu faço”, “eu mando e acabou”, sem ouvir ninguém.  Suas decisões estão sempre em primeiro lugar. Não dá tempo para que seus subordinados mostrem seus talentos e dons. Na verdade sufoca os que estão ao seu lado. Não por medo de perder seu lugar, mas por sentir-se superior nos conhecimentos, muitas vezes usando as palavras “eu fui isso”, “eu fui aquilo”, ou “eu tenho poder!”

Você se lembra do tempo de colégio onde professores que não levantavam a voz em momento nenhum quando se aborreciam com a gente? Eles apenas lançavam um olhar e nós já sabiamos que  era para baixar a bola ou calar a boca. Eles tinham autoridade. Já outros professores gritavam como loucos dentro da sala e só conseguiam  com que a turma se acalmasse  sobre ameaça de provas surpresas ou tirar pontos, expulsão, etc.  Esses eram os autoritários.
Precisamos aprender a ter autoridade e não ser um autoritário, pois, por não ouvir as pessoas que estamos discipulando, podemos estar deixando de descobrir um talento maravilhoso na vida daquela pessoa. O discipulador precisa entender que ele esta ali para servir o discípulo e não para ser o dono dele. Devemos ensinar como o apóstolo Paulo aos seus discípulos da igreja de Éfeso, todo o “conselho de Deus” (At 20.27) e não os nossos gostos e preferências pessoais, precisamos entender que muito antes de ser um discípulo nosso o irmão ou a irmã na fé, que estamos orientando é um discípulo de Cristo, mas para isso o discipulador deve ter claro para si e deixar bem claro para o discípulo, três situações distintas:

 Os princípios da palavra de Deus: Quando estiver ministrando a um discípulo é importante deixar bem claro que os princípios de Deus são ordens bíblicas para serem obedecidas e a estes o discípulo deve ter uma submissão absoluta. Quando damos a palavra de Deus a um discípulo e ele não a recebe ele está sendo rebelde. Nesse caso devemos seguir as orientações dadas por Jesus em Mt 18.15-20, ou seja a pessoa poderá até ser disciplinada. Todos no Corpo de Cristo, e não apenas o discipulador, têm autoridade para corrigir e repreender outro irmão dentro do ensino da palavra de Deus. Deve-se observar, antes, o ensino de Paulo aos gálatas em Gl 6.1-6 e o de Jesus aos seus discípulos em Mt 7.1-5. A Palavra de Deus deixa claro alguns assuntos e a estes devemos também mostrar para quem está sendo discipulado a sua clareza, por exemplo: o novo convertido está tendo relações sexuais com sua namorada, a bíblia mostra claramente que isto é fornicação, cabe ao discipulador mostrar isto para o discípulo na bíblia e mostrar objetivamente que tal conduta entristece a Deus e ao seu Espírito. (Gl 5.19, Ap 2.21 e 1Ts 4.3)

Os nossos conselhos: Referente a conselhos a submissão aqui é relativa, por exemplo: quando dizemos a um discípulo que ele não pode casar com uma moça incrédula, estamos dando a palavra do Senhor (2 Co 6.14). Isso é absoluto. Mas quando falamos que não é bom que ele se case com a “irmã fulana”, estamos dando um conselho. Pode ser que o conselho que damos seja baseado no conhecimento que temos da palavra de Deus, mas mesmo assim não passa de conselho. É relativo. Se o discípulo rejeita um conselho, não é necessariamente um rebelde. Entretanto, aquele que nunca aceita conselhos, é orgulhoso e auto - suficiente dificultando assim o seu processo de maturidade cristã, que é o que se visa no discipulado cristão. (Pv 12.15 e 19.20)
As nossas opiniões: Não é necessário por parte do discípulo, nenhum tipo de submissão às opiniões e gostos pessoais do discipulador. Muitas vezes seremos questionados por quem estamos discipulando, acerca de nossas opiniões sobre diversos assuntos, isto é muito normal, mas não poderemos constranger as pessoas discipuladas a concordarem conosco, neste ponto precisamos deixar o discípulo livre para ter e expressar as suas opiniões ainda que estas não sejam exatamente aquilo que gostaríamos de ouvir.

COMO O DISCÍPULO PODE APRENDER
            Todas as pessoas aprendem de diversas maneiras, no processo de discipulado cristão, não é diferente, o discípulo aprende:

·         Vendo, ouvindo e perguntando. O relacionamento espontâneo e constante entre o discípulo e o discipulador faz surgir oportunidades de ensino, exortação e consolação, em situações do dia-a-dia, sendo assim é importante que tudo o que o discípulo tiver de dúvidas sobre os diversos assuntos, vá sanando com o seu discipulador, que se não tiver uma resposta deve buscar respostas com quem tem mais conhecimento que ele para sanar as dúvidas de seu discípulo.

·         Traçando alvos a serem alcançados. Por exemplo: uma leitura diária de alguns capítulos da bíblia, de preferência começando pelos evangelhos, depois de lidos, discípulo e discipulador devem discutir os temas principais e extrair lições para a vida cotidiana.

·         Aprendendo a manusear a bíblia. Isto por livro, capítulo e versículo. Isto só será alcançado com bastante leitura e pesquisa diária nas escrituras sagradas.

·         Quando se sujeita a autoridade de Cristo e da Igreja. É importantíssimo que o discípulo de Cristo, já no início de sua fé, aprenda a respeitar as autoridades constituídas na Igreja e dar-lhes a devida honra, este novo cristão poderá aprender muito com aqueles a quem respeita. Obedecer, segundo a palavra de Deus as autoridades constituídas, é obedecer ao próprio Cristo. (Rm 13.1 e 5 e Tt 3.1)

·         Quando demonstra compromisso e envolvimento com os irmãos. Nas reuniões e cultos, nas contribuições financeiras, que são os dízimos, ofertas e votos, feitos voluntariamente, nos serviços prestados aos irmãos e a igreja. O bom relacionamento com os demais membros de sua comunidade de fé, lhe darão ótimas oportunidades de aprendizado.

OS DESAFIOS DO DISCÍPULO
Existem diversos desafios a serem enfrentados. O maior deles é com certeza vencer os principais problemas do “velho homem” como vícios, impurezas, rebeldias, mentiras, desonestidade, etc... (Ef 4.20-32) Para conseguir este feito é preciso haver da parte do novo convertido um conhecimento dos fundamentos da fé e uma obediência aos novos paradigmas que este aprende na palavra de Deus. (Rm 12.1-2) Jesus disse: - E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará! (Jo 8.32) Ao ir no dia á dia conhecendo melhor as escrituras sagradas e a vontade de Deus para sua vida, a mente do discípulo será aos poucos moldada pelos novos padrões do Reino de Deus e na sua caminhada ao lado de Jesus, com o apoio  da Igreja e de seu discipulador, ele vencerá as características do velho homem. A seguir veremos mais alguns destes desafios.

Manter e aperfeiçoar o que foi alcançado. Um dos grandes problemas das pessoas é regredirem em sua caminhada com Deus. Muitas vezes a pessoa está até indo bem, de repente por causa de problemas pessoais, abandona-se um processo de maturidade que está sendo maravilhoso para ela. É papel do discipulador, encorajar o discípulo a perseverar em sua caminhada com Deus, mantendo sua comunhão com Ele, vivendo o que já aprendeu.
Proclamar e testemunhar sobre Jesus Cristo. Agora que a pessoa conhece a Cristo é muito importante ela saber de sua responsabilidade e se voltar para o evangelismo pessoal, (At 1.8) envolvendo-se no projeto de expandir o Reino de Deus na terra, através da proclamação do evangelho para outras pessoas. O discípulo deve ser orientado a convidar pessoas a irem a igreja e as desafiarem a entregarem os seus caminhos ao Senhor. (Sl 37.5) Ela deve ter a consciência que o processo do discipulado visa prepara-la espiritualmente e biblicamente para compartilhar a sua fé, aonde quer que seja necessário. (1 Pe 3.15 e 2 Tm 2.25)
Manifestar os dons do Espírito Santo. O discípulo deve ser instruído na palavra de Deus, no sentido de ser esclarecido, que Deus tem disponibilizado para a sua igreja, ferramentas espirituais e que este pode e deve buscar para ser utilizadas na obra de Deus. (1 Co 12.1-31 e Rm 12.4-8). Neste momento o papel do discipulador é ajudar o discípulo a descobri os seus talentos naturais e os seus dons espirituais que lhe foram concedidos e que podem ser utilizados a serviço da causa de Cristo.
Caminhar em companheirismo com os irmãos de fé. A vida cristã tem como uma de suas finalidades primordiais a caminhada com Deus. Nesta caminhada é preciso esclarecer o discípulo que ele não está só, mas por mais que ele seja ajudado, ele também terá que fazer da  oração, da busca pelo ensino na palavra e da edificação mútua, um estilo de vida. Ser discipulado não é só se alimentar, mas também alimentar a outros com aquilo que vai sendo recebido. O companheirismo é fundamental, ele deve ser aconselhado a não se isolar de sua comunidade de fé, de sua igreja, antes planejar sempre participar de atividades junto com seus novos irmãos e amigos. Não basta se envolver precisa haver comprometimento, não é preciso abandonar a companhia de sua família, parentes e amigos, até porque como ele poderia leva-los a Cristo se não estiver próximo deles, mas em sua agenda pessoal, ele precisa reservar tempo para aprofundar-se no relacionamento com os membros de sua igreja, que neste compartilhar da vida se alegrarão com suas vitórias e chorarão com ele em suas derrotas (Rm 12.15)

                                                              CONCLUSÃO

A tarefa do discipulador é ensinar o discípulo a observar todas as coisas que Jesus ordenou. A bíblia sagrada está repleta de informações importantes que transformam as vidas das pessoas que são tocadas por elas. Todo cristão é chamado para discipular (Mt28:18-20) 
Todo discípulo deve ser formado para cuidar de outros discípulos. Jesus não era um homem de púlpito. Jesus era um homem de relacionamentos. 

Seus discípulos aprenderam tudo vendo. (1Jo1:1) 

Jesus amava os seus discípulos Um dos fatores mais importantes para que os discípulos aprendam a amar é que sejam amados 

O Espírito Santo nos dá a capacidade de amarmos e de demonstrarmos o amor Os discípulos amarão uns aos outros e  isso vai causar impacto no mundo. 

O amor é a única maneira de conquistarmos uma reação favorável dos homens.

FONTE: 
APOSTILA DA DISCIPLINA: DISCIPULADO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA                                                           KERIGMA


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O Novo Nascimento - 2 Co 5.17 e Jo 3.3

                                      

Mediante o novo nascimento, mantemos plena comunhão com Deus, reconhecendo o seu senhorio em todas as esferas de nossa vida. O fato é   que o novo nascimento é uma das principais doutrinas da fé cristã e que ninguém pode fazer parte do Reino de Deus se não nascer de novo (Jo 3.3). Mediante a fé em Jesus experimentamos uma profunda transformação de vida. Essa mudança radical não é apenas exterior, mas interior. Temos visto que atualmente muitos apresentam um belo exterior, são bem apresentáveis, possuem uma boa oratória, mas interiormente estão cheios de podridão e imundícia. Segundo Jesus, estes são como sepulcros caiados (Mt 23.27). Eles acabam impedindo, devido ao seu mau testemunho, que muitos entrem no Reino de Deus e que a Igreja cumpra a sua Missão Integral. Sem o novo nascimento ninguém poderá participar do Reino de Deus.

O novo nascimento é:

1. Regeneração (Tt 3.5).
2. Condição essencial para entrar no Reino de Deus (Jo 3.3,5).
3. Uma mudança interior que reflete no exterior (2 Co 5.17).
4. Abandonar a prática do pecado (1 Jo 3.9).
5. Comunhão com Deus.
Jesus foi categórico: “Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3). As Escrituras também afirmam: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5.17). Por conseguinte, a mudança de caráter do homem, outrora sem Deus, em um novo homem à semelhança de Cristo, é a comprovação objetiva da nova vida em Cristo Jesus (Ef 4.25-32). Você já experimentou o novo nascimento? Saiba que a regeneração é uma nova dimensão de vida produzida pelo Espírito Santo.

I. O NOVO CONVERTIDO É UMA NOVA CRIATURA

1. Uma nova criação. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Note que o texto bíblico não diz “será”, mas, sim, “é”. Isto significa que o novo convertido sofreu uma mudança radical de vida. Agora, ele tem outro coração (Ez 36.26); outra mente — a de Cristo — (1 Co 2.16); outro pensamento (Fp 4.8); outro alvo — Cristo Jesus — (Fp 1.21).
Quando pela fé, aceitamos o sacrifício de Cristo, damos o primeiro passo na vida cristã e imediatamente inicia-se um processo de transformação, em nosso interior, para experimentarmos “a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
2. Transformação radical. Ser uma nova criatura em Deus não implica numa mera reforma exterior. Apesar de o cristão ser distinto do mundo em sua maneira de ser e de agir, sua nova vida não está assentada apenas em regras comportamentais, sociais e religiosas. Mas na pedra de esquina que é Cristo Jesus, nosso Senhor e Rei (Ef 2.20).
Na verdade, aquele que “nasce de novo” sofre uma transformação radical de vida, começando pelo seu interior, abrangendo todo seu coração, desejo e vontade (At 2.37; Rm 5.5; 2 Co 7.2). Tal transformação é refletida nas esferas espiritual e social da vida do novo convertido (Mt 5.13.14).
3. Uma nova dimensão de vida. Escreveu Paulo a Tito: “Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2.12). Este versículo evidencia a nossa luta diária em um mundo marcado pela impiedade. Mas Deus nos convida a cultivar uma vida de sobriedade (bom senso), justiça (retidão) e piedade (espiritualidade) “neste presente século”. Se assim agirmos, causaremos um impacto singular na sociedade na qual estamos inseridos, levando-a a transformar-se pelo poder do Evangelho de Cristo.

II. O PASSADO SE FOI E EIS QUE TUDO É NOVO

1. O passado ficou para trás. Quando alguém confessa seus pecados e os abandona é sinal de que foi regenerado, alcançando plenamente, no Senhor, a cura de sua alma (1 Pe 1.3; Is 43.25; Pv 28.13; 2 Cr 7.14). O que era impróprio, indigno e pecaminoso é sepultado e para sempre esquecido. Eis o que nos garante o próprio Senhor: “Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Jr 31.34). De fato, “as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Esqueça, pois, o que ficou para trás (Fp 3.13,14). Viva, doravante, em novidade de vida com a bênção de Deus e na consolação do Espírito Santo (Hb 8.12; Mq 7.19).
2. “Eis que tudo se fez novo”. Esta é uma expressão abrangente e profunda. Tudo o que Deus faz é perfeito e bom. Por isso, a nossa vida é sempre renovada (2 Co 4.16; Ap 21.5). Podemos desfrutar diariamente da presença de Deus, pois as suas misericórdias são novas a cada manhã (Lm 3.23) e a sua graça nos basta (2 Co 12.9). O Senhor não nos deixa nem nos desampara (Hb 13.5,6). Ele nos toma pela “mão direita” e diz: “Não temas que eu te ajudo” (Is 41.10,13).
3. É tempo de avançar. Confessa Paulo aos filipenses: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão” (Fp 3.13). O passado ficou para trás; tudo agora se fez novo. Louvado seja Deus!
Avancemos, “olhando para Jesus, o autor e consumador da fé” (Hb 12.2). Enquanto o apóstolo Pedro olhava para o Senhor, caminhava por sobre águas. Porém, ao desviar os seus olhos de Cristo, começou a ser envolvido pelas ondas daquelas águas (Mt 14.22-33). Portanto, avancemos para grandes vitórias em Deus, olhando somente para Cristo, a nossa eterna e sublime esperança (Cl 1.27; 1 Tm 1.1).

III. QUANDO ESTAMOS EM CRISTO

1. Temos um novo olhar. A fé em Jesus Cristo muda o nosso interior, abrindo-nos novos horizontes e perspectivas. Já não atentamos mais aos nossos interesses, mas para os de Deus, porque pertencemos única e exclusivamente ao Pai: “Estou crucificado com Cristo” (Cl 2.20). E doravante a nossa a luta não é mais contra a “carne e sangue”, mas contra os “principados” e “potestades” nos “lugares celestiais” (Ef 6.12). Este deve ser o nosso alvo: um amoroso serviço em prol do Reino de Deus (Mc 12.31; Rm 14.1; 1 Co 12.4-7).
2. Temos uma nova atitude. Quando Cristo torna-se o centro de nossas vidas, nossas atitudes passam a ser pautadas segundo a Palavra de Deus. Em vez de contenda, confusão ou gritaria (Ef 4.31), buscamos a paz de Deus, a direção do Senhor e o refrigério do Espírito Santo para conduzir-nos por um novo e vivo caminho (Rm 6.4; Hb 12.14).
3. Temos uma nova vida abençoada. A verdadeira felicidade consiste em viver de acordo com os princípios eternos do Reino de Deus. Não há felicidade sem Cristo! Porque em Jesus, o Pai concede-nos bênçãos especiais: a vida (1 Jo 5.12), a luz (Jo 8.12), a liberdade (2 Co 3.17), o amor (Rm 5.5), a alegria (Jo 16.22), o perdão (1 Jo 1.7), a paz (Rm 5.1), o propósito de vida (Fp 1.21), a provisão (Fp 4.19), o futuro com Cristo (Jo 14.2,3). Testemunhemos, pois, de Jesus Cristo até aos confins da terra (At 1.8).

CONCLUSÃO

A verdadeira alegria é o resultado do novo nascimento. Muitos buscam ser felizes pela aquisição de bens materiais, mas a real felicidade é o resultado de uma mudança radical em nosso ser. Esta mudança é perfeitamente possível. Basta crer e permitir que o Senhor Jesus o faça. Deixe o seu passado para trás e avance para o alvo que é Cristo, o autor e consumador de nossa fé.
 “Quando correspondemos ao chamado divino e ao convite do Espírito e da Palavra, Deus realiza atos soberanos que nos introduzem na família de seu Reino: regenera os que estão mortos nos seus delitos e pecados; justifica os que estão condenados diante de um Deus santo e adota os filhos do inimigo. Embora estes atos ocorram simultaneamente naquele que crê, é possível examiná-los separadamente.
A regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por ‘regeneração’ aparece apenas duas vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referência aos tempos do fim. Somente em Tito 3.5 se refere à renovação espiritual do indivíduo. Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que acontece.
O Novo Testamento apresenta a figura do ser criado de novo (2 Co 5.1 7) e da renovação (Tt 3.5), porém a mais comum é a de ‘nascer’ (gr. gennaō, ‘gerar’ ou ‘dar à luz’).

[...] Nascer de novo diz respeito a uma transformação radical. Mas ainda se faz mister um processo de amadurecimento. A regeneração é o início do nosso crescimento no conhecimento de Deus, na nossa experiência de Cristo e do Espírito e no nosso caráter moral” (HORTON, S. M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. 1.ed., RJ: CPAD, 1996, pp.371-2).

“O novo nascimento no Evangelho de João
Encontramos a única menção explícita ao novo nascimento na conversa de Jesus com Nicodemos (3.1-21). Jesus fala a Nicodemos: ‘Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus’ (v.3). A réplica de Nicodemos: ‘Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?’ (v.4), indica que ele entendeu o comentário de Jesus na esfera humana, física. A interpretação errônea de Nicodemos fornece a Jesus a oportunidade de esclarecer o que queria dizer. Ele fala da necessidade de um novo nascimento espiritual, não de um segundo nascimento físico (vv.6-8). A interpretação errônea e o esclarecimento resultante dela são refletidos em um jogo de palavras no versículo 3 (repetidas no v.7). A palavra grega aōthen, traduzida por ‘novo’, na NVI, pode querer dizer ‘de novo’ ou ‘de cima’. Contudo, o fato de Nicodemos entendê-la com o sentido de ‘de novo’ leva-o a concluir que Jesus fala de um segundo nascimento físico, mas a resposta de Jesus, registrada nos versículos 6-8, mostra que Ele se refere à necessidade de um nascimento espiritual, um nascimento ‘de cima’. Esse novo nascimento não é resultado de nenhum ato humano (cf. v.6), é obra do Espírito Santo (v.8). É necessária a atividade sobrenatural do Espírito de Deus para realizar esse novo nascimento espiritual no indivíduo. Ele não consiste apenas em percepção ou compreensão mais excelente, mas na completa transformação do indivíduo (cf. 2 Co 5.17)” [ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Novo Testamento. 1.ed., RJ: CPAD, 2008, pp.245-6].


 FONTE: LIÇÕES BÍBLICAS - CPAD





















segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A Igreja e sua Missão Integral




O Reino de Deus na terra é um projeto divino (Mt 6.25-34)

INTRODUÇÃO

Pregando o Evangelho todo para o homem todo, porque o Reino de Deus está entre vós!

A partir de hoje estudaremos um tema extremamente relevante para os nossos dias que é “A igreja e sua Missão Integral”. Veremos que a Missão Integral é consequência da manifestação do Reino de Deus em nossas vidas. O Reino de Deus já está entre nós de forma ainda muito limitada, mas já sinalizando como serão as coisas na eternidade. (Lc 17.20 e 21). Precisamos entender o conceito bíblico sobre o que é o Reino de Deus e como ele se manifesta. Precisamos saber que este Reino já está presente e em expansão entre os homens conforme nos revelou Jesus e se faz necessário entender como ele se manifesta e como podemos contribuir para que estas manifestações se multipliquem ao nosso redor.
A Missão Integral da Igreja vai além da evangelização. O zelo e o cuidado pelo nosso planeta também é parte da Missão Integral. Em nossa prática missionária, o socorro do pobre e do necessitado é fundamental, precisamos ter uma visão integral do homem (corpo, alma e espírito). A Missão Integral faz parte do projeto original do Reino de Deus para o mundo, por isso se faz necessário aprendermos a pregar o evangelho todo para o homem todo.


I.                     REFLEXÕES SOBRE O REINO DE DEUS

1.    O Reino de Deus foi anunciado por João Batista (Mt 3.1-3)
2.    O Reino de Deus foi reafirmado pelo Senhor Jesus (Mt 6.33)
3.    O Reino de Deus começa se manifestar através do novo nascimento (Jo 3.1-3)
4.    O Reino de Deus revela uma nova filosofia de vida: as Bem-aventuranças (Mt 5. 3-12)
5.    O Reino de Deus está totalmente ligado à missão da Igreja (Mt 25.34-46)
6.    O Reino de Deus se manifestará de forma mais plena na consumação dos séculos (Ap 20.4-6)

II.               O QUE É A MISSÃO INTEGRAL?
É a proclamação da mensagem da salvação mediante a pregação e as ações da Igreja, tendo sempre uma visão integral do homem, sabendo que este é composto de corpo, alma e espírito, portanto precisa ser ministrado visando sempre sua totalidade.

III.           QUAL O PRINCIPAL PROPÓSITO DA MISSÃO OINTEGRAL?
Trazer para o ser humano o evangelho de forma bíblica e assumir o compromisso de tornar os cristãos agentes transformadores da sociedade, através de palavras e ações.
IV.             MISSÃO INTEGRAL E A AS AÇÕES SOCIAIS TRANSFORMADORAS
A Igreja é conhecida por ser um povo que ora, mas nós precisamos ser conhecidos também como um povo que age. Oração rima com ação. Proclamar o evangelho é fundamental, mas deveria sempre ser acompanhado da atitude de buscar suprir as necessidades humanas pregando e vivendo justiça social e praticando os valores do Reino de Deus, em vez de apenas falarmos deles. Devemos encarnar o evangelho em nossa prática de vida. Deus é soberano (Sl 24.1,2) e tem o governo dos céus e da terra (Dt 10.14; 1 Co 10.26). Pois foi Ele quem os criou (Gn 1—2; Hb 1.10; 11.3). Não obstante, pouco se estuda acerca de nossa participação no governo do Reino de Deus: nossos deveres e obrigações no cuidado e na mordomia de tudo que Ele nos confiou (Gn 2.15-17,19; 1 Co 3.16,17; 6.19,20). Assim, o propósito desta lição é estudar o Reino de Deus nas Escrituras, bem como suas manifestações no presente e no futuro, porque desejamos que a Igreja do Senhor, na atualidade, busque intensamente estabelecer os valores do Reino de Deus através de sua prática e vivência.

V.                CONCEITO BÍBLICO DE REINO DE DEUS

1. Definição de Reino de Deus. A expressão Reino de Deus aparecerá algumas vezes no decorrer da lição. Você sabe o seu significado? Podemos definir o Reino de Deus como a soma de “todas as bênçãos, promessas e alianças que o Todo-Poderoso destinou aos que recebem a Cristo Jesus o qual se revela em um novo estilo de vida para aqueles que o recebem”. O Reino de Deus pode ser definido como o domínio eterno de Deus em todas as eras, exercendo a sua soberania sobre o Universo, intervindo na história para conduzi-la ao ápice — a restauração de todas as coisas — e ‘revelando-se com poder na execução de todas as suas obras’. O Reino de Deus tem, portanto, uma dimensão presente como já vimos que se configura no cumprimento em Cristo de todas as promessas messiânicas do Antigo Testamento. A expressão ‘é chegado’, que aparece tanto em Mateus 4.17 como em 12.28, segundo pensam os eruditos, denota a ideia de ‘presença real’, agora, e não de proximidade, como algo apenas para o futuro. Ou seja, a presença pessoal do Messias na história implica a presença efetiva do Reino de Deus entre os homens. Ele se manifesta a partir do coração de cada um, daí porque onde se percebe que o Reino está presente é também possível sentir os seus efeitos. No entanto, não se pode esquecer, do caráter escatológico do Reino de Deus. Será o tempo no qual se cumprirá a profecia de Daniel, em que os reinos deste mundo serão destruídos e o mal aniquilado, restabelecer-se-á a comunhão perfeita com Deus e o Senhor reinará com justiça para sempre.
2. Os aspectos do Reino de Deus. De acordo com as Sagradas Escrituras, o Reino de Deus apresenta tanto aspectos presentes quanto futuros:
a) Presente. Na atualidade, o reino divino está presente na vida dos filhos de Deus, a saber, os salvos em Cristo. Estes foram libertos das trevas e transportados ao “Reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13). A partir desta experiência salvífica, é possível afirmar que toda pessoa, nascida de novo em Cristo Jesus, é dirigida pelo Espírito Santo e, consequentemente, tem a sua vida governada através dos valores do Reino (Ef 2.10).
b) Futuro. O aspecto futuro do Reino de Deus está ligado ao reino milenar de Cristo sobre a terra por ocasião da sua segunda vinda em glória (1 Co 15.23-25). Até mesmo a criação inanimada “espera” por esse glorioso dia (Rm 8.19-23). E você? Aguarda ansiosamente a vinda de Jesus Cristo, o Rei dos reis?
3. O governo do Reino. Deus criou os céus e a terra (Gn 1.1). Ele tem o governo de todas as coisas. Seu domínio, soberania e autoridade real jamais terão fim. Os reinos deste mundo são transitórios, mas o de Deus é eterno. O Deus soberano governa o mundo todo. O Eterno intervém na criação e na história, manifestando seu poder, sua glória e suas prerrogativas contra o domínio do pecado.

VI.             O REINO DE DEUS NAS ESCRITURAS

1. No Antigo Testamento. Apesar da expressão Reino de Deus não aparecer no Antigo Testamento, o Senhor é apresentado como o Rei de Israel (Is 43.15), da terra e de todo o universo (Sl 24; 47.7,8; 103.19). Estas e outras referências manifestam a prerrogativa soberana de Deus sobre a criação. Ele reina para sempre (Sl 29.10).
2. Em o Novo Testamento. A mensagem central do ensino neotestamentário é o Reino de Deus. Este foi apregoado por João Batista (Mt 3.2) e confirmado pelo ensino de Jesus Cristo (Mt 6.33).
a) Na pregação de João Batista. João veio pregando no deserto: “Arrependei-vos porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2). O fato de uma pessoa ser israelita e “filho da promessa” (Gl 4.28) não lhe assegurava o direito de entrar no Reino de Deus. Era preciso produzir frutos dignos de arrependimento. Pois, as boas obras são o resultado de um autêntico arrependimento (Lc 3.8).
b) No ensino de Jesus. A proclamação e a concretização do Reino de Deus foram o propósito central do ministério de ensino de Jesus. O Reino dos Céus foi o tema de sua mensagem e ensino na terra (Mt 4.17). No Sermão da Montanha, Jesus conclamou a multidão que o ouvia a buscar, com diligência e em primeiro lugar, o Reino de Deus (Mt 6.33). Ele estava ordenando a todos nós, seus seguidores, a buscar a Deus resolutamente e a fazer a sua vontade. Querido irmão, você tem procurado com diligência o governo soberano do Altíssimo em todo o seu modo de viver?
3. Reino de Deus ou Reino dos Céus. Nos evangelhos de Marcos e Lucas a expressão “Reino de Deus” aparece com frequência. Todavia, no Evangelho de Mateus, a expressão mais usada pelo evangelista (aparece cerca de trinta e quatro vezes) é “Reino dos Céus”. A maioria dos eruditos bíblicos concorda que o emprego da expressão “Reino dos Céus” foi aplicado por Mateus devido à rejeição do povo israelita ao uso indiscriminado do nome de Deus. Logo, as expressões “Reino de Deus” e “Reino dos Céus”, quando comparadas entre os Evangelhos sinóticos — Mateus, Marcos e Lucas — são sinônimos e intercambiáveis (cf. Mt 5.3; 13.10,11; Mc 4.10,11; Lc 6.20).  Antes de mencionar o que Mateus escreve a respeito do ‘Reino dos céus’, ou ‘Reino de Deus’, precisamos fazer algumas considerações em relação ao sentido dos próprios termos. Em geral, a palavra ‘reino’ denota a ideia de um domínio, uma região física ou espacial, incluindo o povo e a terra sobre os quais um rei exerce autoridade. Esse sentido também se aplica às palavras usadas para ‘reino’ no Antigo e no Novo Testamento. Os judeus usavam a voz passiva para descrever atos de Deus como uma forma respeitosa de descrever o que Ele fez sem mencionar seu nome (desde que é mais fácil omitir o sujeito com o uso do verbo na voz passiva). A substituição do nome de Deus por ‘céus’, a moradia do Senhor, é outra forma desse tratamento respeitoso. Essa expressão ocorre apenas no Evangelho de Mateus. No entanto, ele também usa quatro vezes a expressão ‘Reino de Deus’ (12.28; 19.24; 21.31,43), sugerindo, assim, que a diferença de nomenclatura é mais uma questão de preferência, ou deferência, que qualquer outra coisa. É incerto o motivo por que o Evangelho de Mateus menciona ‘o Reino dos céus’ de forma rotineira, o que não acontece nas outras narrativas. É provável que Jesus usasse as duas expressões, mas Lucas e Marcos simplesmente escolheram usar, de forma consistente, a expressão ‘Reino de Deus’ por ser menos ambígua para leitores gentios que a expressão mais judaica ‘Reino dos céus’. Fica claro, a partir de passagens como Mt 19.23,24, em que Jesus diz aos discípulos: ‘é difícil entrar um rico no Reino dos céus. é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus’, que Mateus considera as duas expressões praticamente como sinônimas.

VII. AS MANIFESTAÇÕES DO REINO DE DEUS

1. No passado. A nação de Israel era uma monarquia teocrática. O Senhor levantou reis para o povo judeu (Dt 17.14,15; Dt 28.36; cf. 1 Sm 10.1; 1 Sm 16.13) e estabeleceu normas reguladoras de relacionamento político entre o governante e a nação (1 Sm 8.10-22). O objetivo de Deus era preparar o caminho para a salvação da humanidade através da nação de Israel. Contudo, por causa dos desvios do povo judeu e da rejeição de seu Messias, Jesus Cristo, o reino divino foi-lhes retirado, ou seja, Israel na atualidade não tem mais a função de propagar o Reino de Deus (Mt 21.43; Rm 10.21; 11.23). Tal missão cabe agora à Igreja. Israel, porém, será restabelecido espiritualmente no futuro, conforme escreve Paulo (Rm 11.25-27).
2. No presente. O Reino de Deus foi estabelecido de forma invisível na Igreja por intermédio do Rei dos reis. O reino divino pode ser visto nos corações e nas vidas de todos aqueles que se arrependem, creem e vivem o Evangelho (Jo 3.3-5; Cl 1.13). Não se trata de um reino político ou material que, por definição, é transitório e passageiro, mas de uma poderosa, transformadora e eficaz operação da presença de Deus em e através de seu povo (Mc 1.27; 2 Co 3.18; 1 Ts 4.1), refletindo-se em toda a realidade à nossa volta, produzindo transformação.
3. No futuro. Durante o Milênio, predito pelos profetas do Antigo Testamento (Sl 89.36,37; Is 11.1-9; Dn 7.13,14), Jesus Cristo reinará literalmente na terra durante mil anos (Ap 20.4-6). E a Igreja reinará juntamente com Ele sobre as nações (Mt 25.34; Ap 5.10; 20.6; Dn 7.22). O reino milenial de Cristo dará lugar ao reino eterno de Deus, que será estabelecido na nova terra (Ap 21.1-4; 22.3-5), a Nova Jerusalém (Ap 21.9-11). Os habitantes são os redimidos do Senhor de todos os tempos. Que alegria nos inundará a alma quando, de eternidade em eternidade, estivermos juntos com o Senhor (Dn 7.18).


CONCLUSÃO

No Reino de Deus, a vontade do Pai é conhecida e praticada por amor, devoção, prazer, submissão, dever e gratidão (Rm 5.5; 2 Co 9.13; Lc 18.1 ; Jn 2.9). Fazer continuamente a vontade de Deus, nesse Reino, deve ser a nossa maior prioridade, não importando os obstáculos “pois que por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus” (At 14.22). O Reino Deus e sua justiça devem ser o nosso anseio e alvo principal (Mt 6.33).


A mensagem do Reino de Deus
(Mc 1.15)

O comportamento do cristão deve ser em tudo norteado pela mensagem do Reino de Deus.
1.     Jo 3.3-5. O novo nascimento é a porta de entrada para o Reino de Deus
2.    Jo 18.33-36. A natureza espiritual do Reino de Deus
3.    Mt 6.25-33. Jesus nos ordenou buscarmos primeiro Reino de Deus
4.    Jo 15.16 e Ef 2.10. Ser do Reino é ser frutífero
5.    Mt 5—7. Os princípios eternos do Reino de Deus
6.    Rm 14.17. O Reino de Deus é justiça, alegria e paz no Espírito Santo

Marcos 1.14,15; Mateus 5.3-12; Romanos 14.17.

Nesta lição teremos a oportunidade ímpar de aprender a respeito da natureza do Reino de Deus neste mundo. Por intermédio da fé em Jesus Cristo, hoje somos súditos deste Reino. Reflita na declaração do apóstolo Paulo em Colossenses 1.11,14: “[...] nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor, em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”. No decorrer da aula, enfatize o fato de que os súditos deste Reino, os salvos em Jesus Cristo, devem manifestar o poder do Reino mediante suas ações. A nossa fe não pode ser evidenciada apenas por palavras.

Como podemos fazer parte do Reino de Deus? Aquele que não nascer de novo não pode entrar no Reino de Deus (Jo 3.3). Jesus mostrou as características que os súditos do seu Reino devem ter. Essas características são encontradas em Jesus, nosso Salvador e Rei e ele as alistou em Mt 5.3-10, no sermão da montanha.
1.    Deve ser humilde
2.    Deve ser Manso
3.    Deve ser justo e bondosso
4.    Deve ser amável e misericordioso
5.    Deve ter um coração puro
6.    Deve ser um pacificador
7.    Deve ser fiel

           Em seu ministério terreno, Jesus proclamou a mensagem do Reino de Deus ao mundo. Sua mensagem não somente determina as condições para se fazer parte do Reino, mas também denota a natureza espiritual e pessoal do governo divino. Como discípulos de Cristo, somos por Ele intimados a proclamar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15-18). Somos concitados também a viver segundo os princípios de seu Reino (Mt 5—7) expostos no Sermão da Montanha. O Sermão do Monte é a síntese do ensino de Cristo para o seu povo. Antes de a Igreja consolidar-se como agente do Reino de Deus na terra, o Senhor tomou a iniciativa de descortinar ao núcleo apostólico, através dessa primeira grande explanação pedagógica, as colunas que sustentam o modelo de vida trazido pelo Reino de Deus, isto é, a sua ética. É tanto que os princípios ali expostos se repetem de forma pormenorizada nos ensinos apostólicos.
Assim, como faz qualquer organização séria, que, ao implantar a sua filosofia de trabalho, tem como primeira iniciativa estabelecer no estatuto a sua doutrina, Jesus firmou os pressupostos que se tornariam a base do ensino desenvolvido nas epístolas e observado pela igreja apostólica. O propósito do Sermão do Monte, portanto, vai muito além de qualquer estereótipo do tipo ‘pode, não pode’, ‘faça, não faça’. A experiência religiosa mostra que não adianta explicitar um sem-número de regras, pensando que elas consigam mudar a pessoa por dentro. O máximo que promovem é uma reforma exterior, que, do ponto de vista do ensino de Cristo, cheira a hipocrisia — o interior permanece no mesmo estado de podridão espiritual, como Jesus identificou os fariseus. Assim, os princípios do Sermão do Monte devem ser vistos sob três ângulos: a dimensão presente, a dimensão escatológica e a dimensão do compromisso. Eles se interpõem e se completam”

I. A NATUREZA DO REINO DE DEUS

1. O Reino é espiritual. Acerca da natureza do Reino de Deus e diante da indagação de Pôncio Pilatos — “Tu és o rei dos judeus?” — Jesus afirmou veementemente: “O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui” (Jo 18.36). Em razão de o reino divino não ser terreno, mas possuir uma natureza espiritual e eterna, nossa vida deve apresentar valores opostos aos do presente século. Alguns dos valores apresentados pelo Senhor são a humildade (Mt 18.4), o perdão (Mt 18.23-27), a generosidade (Mt 20.1-16), a discrição pessoal (Mt 20.20-28) e o total comprometimento com o Reino de Deus (Lc 9.57-62).
2. O Reino é pessoal. Quando o homem ouve e aceita a mensagem do Reino, uma mudança radical ocorre em sua vida. Seu comportamento, a partir desta experiência, passa a ser controlado pelo próprio Deus através do Espírito Santo. Suas ações e atitudes, em relação às outras pessoas, são pautadas pelos princípios eternos das Sagradas Escrituras (Hb 8.10).
3. O Reino de Deus e seus princípios (Mt 5.3-12). As bem-aventuranças proferidas por Jesus no Sermão da Montanha expõem os princípios eternos do Reino de Deus. Neste sermão, o Senhor profere, claramente, os valores espirituais e eternos que fundamentam o seu Reino. E aos que colocam em prática sua Palavra, Ele promete: “Felizes as pessoas” que as praticam (Mt 5.3-12 — NTLH). Deseja você alcançar a plena felicidade em Cristo Jesus? Busque refletir a natureza do Reino de Deus.

II. A NOVA VIDA DOS QUE FAZEM PARTE DO REINO DE DEUS

1. Nascer de novo. O novo nascimento é efetuado por Deus mediante a ação do Espírito Santo na vida do homem. Nascer de novo é experimentar uma radical mudança de vida (2 Co 5.17; Ef 4.23-32). Logo, a experiência salvífica é a condição primordial para alguém entrar no Reino de Deus: “[...] Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3). A propósito, você já nasceu de novo? É nova criatura? Leia Romanos 10.8-13 e Efésios 1.7-13.
2. Proclamar o Reino de Deus. O Senhor Jesus veio a este mundo para salvar o pecador da condenação eterna (Jo 3.16). Agora, regenerados e nascidos de novo, temos uma missão singular: proclamar o Reino de Deus a todos os homens (Mc 16.15). Entretanto, nosso comportamento e atitudes devem ser coerentes com a mensagem do Reino. Não podemos escandalizar àqueles que almejam entrar no Reino de Deus. Quanto a isso, a Palavra do Senhor é taxativa: “Mas qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar” (Mt 18.6).
3. Gerar frutos. Uma vez salvo, e andando em novidade de vida, o crente já está devidamente pronto a produzir frutos para o Reino de Deus (Jo 15.16). Somos chamados, por conseguinte, a praticar as boas obras, “as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). E assim, confirmamos a proclamação da mensagem do Reino. Além de pregar o Evangelho, devemos apresentar as boas obras como fruto da fé mediante a graça de Deus (Ef 2.8-10).


III. O QUE O REINO DE DEUS SIGNIFICA

1. Justiça. O pecador regenerado é justificado perante Deus, pois a justiça divina “nos é concedida pela fé em Cristo, mediante o seu sacrifício redentor” (Rm 3.21-25; 5.1; 8.33,34). Logo, o nosso testemunho pessoal é uma forma eficaz de se anunciar o Evangelho do Reino de Deus. Daí, os nossos atos de justiça, em relação ao próximo, serem tão relevantes e indispensáveis à evangelização no mundo de hoje (Mt 5.13-16).
2. Paz. Biblicamente, a paz é mais do que a simples ausência de hostilidade, guerra ou perturbação. Ela revela-se a partir de nossa vida com Deus. Estar em paz, na Bíblia, é estar completo. A Palavra de Deus descreve-a como a bênção inaudita. A paz faz parte da natureza divina (Fp 4.7). Hoje, mediante a fé em Cristo, temos paz com Deus (Rm 5.1; 2 Co 5.17-20; Jo 22.21), com o próximo (Rm 12.18; Gn 26.15-25; Hb 12.14) e com nós mesmos (Cl 3.15). A paz manifesta-se em nossa vida como o “fruto do Espírito” que habita e reina em nossos corações (Gl 5.22). A paz, que realmente provém de Deus, é quietude, unidade, amor, harmonia, segurança e confiança. Sem a paz divina, vem a ansiedade, o medo, as psicoses e outros males. Se alguém não tem paz consigo mesmo, também não a tem com ninguém mais. A paz de Deus é o legado de Jesus Cristo aos seus discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14.27).
3. Alegria. A alegria do Reino de Deus está fundamentada no relacionamento sólido do crente com o Pai (2 Pe 3.1; 4.4,10). É por isto que, nas provações, lembramos: “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5). Sim, o “coração alegre aformoseia o rosto” (Pv 15.13) e a “alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10). Uma vez alegres, cantemos louvores ao nosso Deus (Tg 5.13)!
A alegria no Espírito Santo traz contentamento e satisfação resultantes da nossa comunhão com o Pai. Também muito nos alegramos pela certeza de termos os nossos nomes escritos no Livro da Vida (Lc 10.20).

CONCLUSÃO

A mensagem do Reino de Deus deve ser proclamada ao mundo para que o pecador possa ser salvo (Mt 28.18,19; At 1.8). Todavia, a mensagem do Reino não deve ser apenas pregada. Precisamos praticar os princípios eternos do Reino de Deus.


 Fonte CPAD - Lições Bíblicas