sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Salvação: revelação divina para a humanidade



                                   

                          

(Fonte: Teologia Sistemática II - Pr Davi Alencar Santana)

Quando me vejo, nas maiores tempestades, só tu meu Deus é o meu refúgio. 

De ti não preciso esconder que estou fraco, pois tu sabes que sou pó. 

Para ti não preciso fingir superioridade, porque és o Todo Poderoso. 

Quando peco não preciso me esgueirar pelos becos escuros, pois diante de ti não 

existe um Justo. 

Nenhum sequer que só faça o bem e nunca peque. Tú és luz que ilumina minha escuridão. 

Diante de ti o rei tira a coroa, se despe da capa e pousa no chão o cetro. 

Os presidentes se curvam juntos com os generais, os brigadeiros, os coronéis e almirantes. 

Todos enxergam a tua grandeza e a tua glória não lhes é encoberta. 

Contudo, mesmo com tanto poder emanando de ti, o menino te procura e fura a fila dos apóstolos. 

A prostituta se prostra e recebe perdão e lavando com suas lágrimas os teus pés. 

O doente se aproxima e é curado. Leprosos são purificados, cegos voltam a ver e coxos andam. 

Só que não é isto que mais me encanta e sim a mulher, acusada pelo religioso, rejeitada pela sua conduta, difamada por não ter moral ilibada, mas o Senhor não tem censura para ela. 

Não censura porque conhece. Sabe que para ela tu és o porto seguro. 

Porto seguro para o ladrão Dimas, que na hora da morte vê em ti sua tábua de salvação. 

Pilatos não te viu assim. Herodes te zombou. O carrasco te chicoteou. O soldado te cuspiu. 

Anás e Caifás te julgaram herege, falso profeta e falso Cristo. 

Mas o ladrão não. O ladrão te viu como seu porto seguro nas águas gélidas e aterrorizantes da morte.Ele enxergou além das aparências, além dos dogmas, além da sua justiça própria. 

Por não ter nada mais para olhar caiu em si e te viu, meigo Salvador. 

Os discípulos a caminho de Emaús, não te conheceram. 

A dor da tua ausência era tão grande que não percebiam a tua presença. 

Mas o Senhor sempre parte o pão, parte para nos dar de comer. Nesta hora o olho abriu, o discípulo te viu e o Senhor sumiu. Ele então disse que seu coração ardia quando falavas. 

Ah! Senhor meu e Deus meu, basta uma palavra e eu te verei na maior escuridão. Na negritude da noite te enxergarei. Meu farol, tu serás e meu porto seguro também. 

Bendiga minha alma ao Senhor e tudo o que existe em mim, existe para te adorar. 

Não vou a ti com caravelas cheias de tesouros, até porque não os tenho para te dar. 

Vou com o barquinho da minha existência, pequeno, frágil, desbotado, imperfeito, mas sabendo e crendo que vou ancorar em ti meu porto seguro. 


A salvação é um termo que genericamente se refere à libertação de um estado ou condição indesejável. 

O conceito de salvação eterna, salvação celestial ou salvação espiritual faz referência à salvação da alma, pela qual a alma se livraria de uma ameaça eterna (castigo eterno ou condenação eterna) que a esperaria depois da morte. 

Na teologia, o estudo da salvação se chama “soteriologia” e é um conceito vitalmente importante em várias religiões, em especial no Cristianismo que é o nosso caso. 

· A palavra salvação tem sua origem no grego “soteria” transmitindo a ideia de cura, redenção, remédio e resgate. 

· No latim “salvare”, que significa salvar, e também de “salus” que significa ajuda ou saúde

.O verbo salvar e o substantivo salvação aparecem mais de 150 vezes só no Novo Testamento. 

Na realidade o Novo Testamento não faz distinção entre a salvação espiritual, da alma, e a salvação corporal, mas encara a pessoa inteira (integral/holística) considerando que um homem carregado de pecado e levado pelas ondas da incredulidade, corre perigo total. Uma vez tal pessoa convencida pelo Espírito Santo, não hesitará em invocar o socorro de Jesus Cristo para a salvação. (Oliveira/1999) 

Em Tito a salvação é exposta da seguinte forma: 

Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens. (Tt 2.11) 


I. A SALVAÇÃO REVELADA NAS ESCRITURAS SAGRADAS 


De Gênesis ao Apocalipse, as escrituras sagradas, abordam um tema que é redundante por toda ela, se trata da redenção da humanidade. Nas primeiras páginas sagradas encontramos um homem caminhando em perfeita comunhão com seu Criador e que desfruta de sua amorosa presença diariamente. Porém o evento da queda humana destrói esta comunhão e Deus passa a colocar em prática o plano da salvação como explicitado na bíblia sagrada: “- A redenção do homem é o sublime tema de toda a Bíblia e deve ser de todo sermão evangélico”. (Oliveira/1999) 


II. COMPREENDENDO A NOSSA SALVAÇÃO 


A SALVAÇÃO PROCEDE DE DEUS DE FORMA GRATUITA 

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2:8-9). 

O homem não tem condições de sozinho se salvar da condenação eterna e não é pelas suas obras, por melhores que sejam que fará com que este consiga se aproximar de Deus e receber sua salvação eterna e garantida, antes são os méritos de Cristo imputados a ele pela fé que lhe propicia a salvação. (Rm 5.1) 


A SALVAÇÃO SÓ PODE SER CONCEDIDA ATRAVÉS DE JESUS CRISTO 

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. 
(João 14:6) 

O homem não tem condições de sozinho se salvar da condenação eterna e de uma existência sem sentido afastado de Deus. Sendo assim é preciso ter um encontro pessoal com Cristo Jesus para ter sua vida radicalmente salva e transformada. 

 A SALVAÇÃO SÓ É POSSÍVEL PELA MORTE E PELO SANGUE DE JESUS CRISTO 

Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados. (Cl 1.14) 

A SALVAÇÃO É INTEGRAL NA VIDA DO SER HUMANO 

Quando as escrituras retratam a salvação do homem e da mulher, ela o faz se referindo não apenas a sua parte imortal que é o espírito e a alma, Deus quer efetuar esta salvação no homem como um todo, espírito, alma e corpo, relacionamentos, etc... Isto significa que ele quer santificar o nosso espírito, tratar as nossas emoções, trabalhar os nossos comportamentos e assim alterar os paradigmas referentes aos nossos relacionamentos, com ele, com as pessoas e com a própria vida. 

A SALVAÇÃO ABRANGE PASSADO, PRESENTE E FUTURO 

· Deus no passado nos salvou do poder do pecado. Éramos escravos dele do pecado e agora somos livres para servir e adorar ao nosso Salvador e Senhor. 

· Deus nos salva no presente, pois agora vivemos não debaixo da influência maior do pecado antes estamos debaixo da graça de Deus que nos habilita a cada dia a vencermos o mal com o bem que agora habita em nós, proveniente do Espírito Santo e de sua palavra. 

· Deus nos salvará no futuro da presença do pecado. A promessa das escrituras é que um o pecado será página virada, uma vez que na ressurreição dos justos o pecado será de uma vez por todas extirpado, excluído de nossa realidade, de nossos corpos, de nossas vidas. 


E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. 
(1 Coríntios 15:54-57) 


III. ASPECTOS A CONSIDERAR REFERENTE À SALVAÇÃO 



A salvação de todo aquele que crê em Deus passa por alguns elementos segundo Bancroft (1995) e Oliveira (1999). Vamos considerar alguns a seguir: 

Arrependimento (Mt 3.1-2). Este elemento tem dois componentes: 

1. Tristeza pelo pecado praticado. 

2. Conversão, que consiste na mudança de rota ou destino, voluntariamente. 

· Fé. (Hb 11.1 e 6; 2Tm 3.15). Arrependimento é dizer não ao pecado, enquanto que a fé, como elemento da salvação, é dizer sim a Deus. Este é o lado afirmativo da conversão. Enquanto o arrependimento enfatiza os nossos pecados, a fé fixa os nossos olhos em Cristo, o autor e consumador dela. 

· Justificação. (Rm 3.24-26) Por justificação, entende-se o ato pelo qual Deus declara posicionalmente justa a pessoa que a Ele se chega através da pessoa de Jesus Cristo. Esta justificação envolve dos atos: cancelamento da divida do pecado na “conta” do pecador, e o lançamento da justiça de Cristo em seu lugar. Tornando mais claro: justificação não é aquilo que o próprio Cristo é e faz na vida do crente. 

· Regeneração. (Tt 3.5; Jo 1.12,13). A natureza divina passa a habitar no crente, mediante o poder do Espírito Santo. Sem esta miraculosa transformação espiritual, o pecador arrependido permaneceria morto na sua natureza pecaminosa (Ef 2.1,5) e incapaz de conhecer a Deus num relacionamento pessoal (1 Co 2.14) 

· Adoção. Através deste ato, nós deixamos de estar desgarrados da família de Deus para passar a fazer parte dela, como filhos adotados e coerdeiros, com Cristo de todas as suas riquezas espirituais. 

Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.
O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e coerdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. (Romanos 8:15-17) 

· Santificação. Este é o único elemento na salvação que não é um evento, não é um ato imediato. Ele é um processo que se inicia na conversão e dura toda a vida. 

E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. (1 Tessalonicenses 5:23) 


Este é o processo onde Deus imprime em nós o caráter de Jesus, nos tornando cada dia mais parecidos com ele. Raimundo Ferreira de Oliveira discorrendo sobre santificação diz o seguinte: 

“O alvo de viver uma vida santificada não é a perfeição plena, mas sim, a progressão. Se Deus quisesse que o crente, para conservar a sua salvação, tivesse de cumprir seus padrões de perfeição, teria reduzido seus padrões ao nível da possibilidade humana, ao invés disto, porem Ele apresenta o alvo da santificação como sendo o aperfeiçoamento do caráter do cristão”. (1999, p.11


REFERÊNCIAS:

BÍLIA DE ESTUDOS PENTECOSTAL
DOUTRINAS BÍBLICAS, RAIMUNDO FERREIRA DE OLIVEIRA
A BÍBLIA ATRAVÉS DOS SÉCULOS, ANTÔNIO GILBERTO
TEOLOGIA ELEMENTAR, BANCROFT
PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA , ORLANDO BOYER