segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O mito da caverna - Platão

                                                   

"Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar ea olhar apenas para frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros (no exterior, portanto) há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.

Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda luminosidade possível é a que reina na caverna.

Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.


Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.

Moral da história: Será que não é isso que acontece muitas vezes com o ser humano. Vive de ilusão pensando que é realidade, porém a ilusão não é só dele, assim quando se liberta de sua cegueira e tenta levar outros ao que conheceu estes se indgnam contra ele e tentam leva-lo de volta ao "mundo" que ele vivia e se não conseguem, talvez não o matem literalmente mas o fazem em suas vidas. Sepulta-no em seu passado e em seu esquecimento.

(Extraído de: Marilena Chauí, Convite à Filosofia, Ed. Ática)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Não é o dinheiro-Nizan Guanaes


                                       

SOU, COM FREQUÊNCIA, chamado a fazer palestras para turmas de formandos. Orgulha-me poder orientar jovens em seus primeiros passos profissionais. 

Há uma palestra que alguns podem conhecer já pela web, mas queria compartilhar seus fundamentos com os leitores da coluna. 

Sempre digo que a atitude quente é muito mais importante do que o conhecimento frio. 
Acumular conhecimento é nobre e necessário, mas sem atitude, sem personalidade, você, no fundo, não será muito diferente daquele personagem de Charles Chaplin apertando parafusos numa planta industrial do século passado. 

É preciso, antes de tudo, se envolver com o trabalho, amar o seu ofício com todo o coração.
Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinheiro. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como consequência. 

Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser um grande bandido ou um grande canalha. Napoleão não conquistou a Europa por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro.

E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. Tudo o que fica pronto na vida foi antes construído na alma. 

A propósito, lembro-me de um diálogo extraordinário entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar dos leprosos, diz: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo". E ela responde: "Eu também não, meu filho". 

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar e realizar têm trazido mais fortuna do que pensar em fortuna. 

Meu segundo conselho: pense no seu país. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. 

Era muito difícil viver numa nação onde a maioria morria de fome e a minoria morria de medo. Hoje o país oferece oportunidades a todos. 

A estabilidade econômica e a democracia mostraram o óbvio: que ricos e pobres vão enriquecer juntos no Brasil. A inclusão é nosso único caminho. Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu vomito. É exatamente isso que está escrito na carta de Laodiceia.

É preferível o erro à omissão; o fracasso ao tédio; o escândalo ao vazio. Porque já li livros e vi filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso (ou narra e fica muito chato!).

Colabore com seu biógrafo: faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido. 

Tenho consciência de que cada homem foi feito para fazer história.
Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, caminhando sempre com um saco de interrogações numa mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não dê férias para os seus pés. 

Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "Eu não disse? Eu sabia!". 

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida que, durante o almoço de domingo, tem de aguentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo o que faria, apenas se fizesse alguma coisa. 

Chega dos poetas não publicados, de empresários de mesa de bar, de pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta à noite, todo sábado e todo domingo, mas que na segunda-feira não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. 

Só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama "sucesso". 

Seja sempre você mesmo, mas não seja sempre o mesmo. 
Tão importante quanto inventar-se é reinventar-se. Eu era gordo, fiquei magro. Era criativo, virei empreendedor. Era baiano, virei também carioca, paulista, nova-iorquino, global.
Mas o mundo só vai querer ouvir você se você falar alguma coisa para ele. O que você tem a dizer para o mundo? 

sábado, 18 de agosto de 2012

Igreja Elim do Pq. Brasil - Ministrando na Rede de Jovens



                                                                                                           

                                                           
                                                                                 



























quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Compromisso


Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. 
                                                                                                     (1 Coríntios 11:25)

 

Aquele que já teve um encontro pessoal com Jesus Cristo sabe que no Calvário, Ele fez conosco um pacto, uma aliança, um concerto eterno. Este ato nos trouxe para um relacionamento íntimo com Deus, estamos agora em uma aliança de direitos, que nos fez co-herdeiros com Cristo, como filhos amados do Pai, mas também nos levou neste relacionamento ao outro lado da moeda que são os deveres, que implicam em comprometimento, em cumprir os seus mandamentos, cujo maior deles é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Assim este relacionamento com Deus, precisa afetar todas as áreas de nossa vida, permeando todos os nossos vínculos, gerando novas atitudes e comportamentos, alinhados com a ética do Reino dos Céus que Jesus veio nos trazer e que os sermões de Jesus, suas parábolas e seus conselhos, fizeram questão de enfatizar.

Alegria


Regozijai-vos sempre”. 
                                                                                       (1 Tessalonicenses 5:16)

 

Otimismo com realismo, esperança e fé. É assim que defino uma pessoa que vive de acordo com este conselho de Paulo. Ela sabe que nem tudo no mundo são flores. Ela sabe que tem dias que são maus e parecem que não vão ter fim, contudo carrega em seu peito um otimismo realista, ou seja, admite os obstáculos, não os ignora nem tenta agir como se os desafios não existissem, mas carrega cotidianamente as suas reservas de força na compreensão que mesmo não sabendo como as coisas vão terminar, ela acredita que o melhor de Deus ainda está para chegar em sua vida. 

Celebração


Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.
Servi ao SENHOR com alegria; e entrai diante dele com canto.
Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto.
Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome.
Porque o SENHOR é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração. 
                                                                                                          (Salmos 100:1-5)

 

Este salmo nos ensina duas coisas muito importantes sobre as quais nossos relacionamentos devem ser estabelecidos, para tornar nossa vida mais feliz e satisfatória para que possamos celebrá-la, que é a gratidão e o louvor:

 

Gratidão: ser grato é aprender a ver a vida não pelo ângulo das impossibilidades, das perdas, adversidades, problemas e sofrimentos, mas considerar e ver o universo, como quem procura o que está certo, bom e agradável, com as “lentes da graça divina”. É olhar ao meu redor e reconhecer tudo o que de bom tenho experimentado nesta existência, o que tenho que pessoas dariam tudo para ter e eu possuo. Você não imagina quantas pessoas dariam a vida para viver a vida que você vive, ter o que nós temos, ser como nós somos. Ver a vida com gratidão possibilita uma satisfação e um contentamento que nos arremete a agradecer por tudo o que somos, temos e usufruímos na e da vida.

 

Louvor: assim vive aquele que é grato ao Criador, sua vida é um infindável hino, ele é uma “doxologia ambulante”, como todo mundo, ele chora, ele se aflige, se angustia, tem problemas, enfrenta a dor, tem decepções, fica enfermo, perde parentes e amigos para a morte, mas suas atitudes diante de tudo o que é desconfortável, não é espraguejar ou culpar ao seu Deus, antes esta pessoa, que pode ser eu ou você, se volta para os atos de bondade de Deus e o invoca com louvor e cânticos. Não estou propondo aqui rir e cantar na hora do luto, que precisa ser vivido e respeitado, mas proponho que passado este “tsunami”, se levante, enxugue as lágrimas, lave o rosto e “bola pra frente”, como diz um amigo meu: - Toca o barco!

Vivamos adorando a Deus em louvor, não só com os lábios mas com a nossa vida.

Liberdade


Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão. 
                                                                                                                (Gálatas 5:1)

 

Existem hoje muitas religiões e filosofias que pregam a liberdade, porém o que se observa é o contrário da liberdade, que pode se manifestar de duas formas:

 

Na Libertinagem: que é o uso indevido de sua livre escolha, gerando pessoas aprisionadas nos vícios físicos, emocionais, como drogas, prostituição e rebeldia do ser humano contra o seu Criador. Tornado aquele que é a imagem e semelhança de Deus, uma caricatura do que Ele projetou para sua vida.

 

No Legalismo: que é um sistema de crenças, que nos coloca debaixo de um sistema de doutrinas com roupagem cristã, mas baseadas mais nas leis do Antigo Testamento, em tradições eclesiásticas e institucionais, e em “doutrinas de homens”, do que na proposta de Reino que Jesus nos trouxe. O Reino de Deus é um novo estilo de vida baseado no amor, onde a obediência não é a causa que propicia a salvação, pois esta é o efeito de um relacionamento da criatura com o Criador, do filho com aquele que o tem por Pai.

Este jeito de viver a vida, de liberdade no Espírito, estava sendo ameaçado nas igrejas da Galácia na época de Paulo. Ele quando soube disso, tratou de forma apologética as doutrinas cristãs, demonstrando para os gálatas que não era necessário aceitar Cristo, recebendo sua graça e acrescentar a guarda de preceitos, leis e tradições judaicas para ser salvo. Hoje muitas ideologias, tidas como cristãs ou bíblicas, não passam de mera tradição eclesiástica de denominações centenárias, que tentam impor aos desavisados seus preceitos litúrgicos e pressupostos teológicos, como sendo o caminho para Deus, esquecendo que Jesus Cristo é o caminho perfeito e suficiente para um relacionamento sadio com o Pai.

A verdadeira “lei da liberdade” atua sobre nossos pensamentos, atitudes e reações, nos tornando pessoas mais responsáveis não por medo do castigo eterno iminente ou remoto, mas devido ao amor de Deus que nos “constrange” em toda a sua imensidão, que foi derramado em nossos corações, pelo Espírito de Cristo.

Integridade


E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. 
                                                                                            (1 Tessalonicenses 5:23)

 Este texto me ensina que devo viver uma vida íntegra, ou seja, inteira para Deus. A chamada para ser santo é uma chamada para nos entregarmos ao Pai por inteiro, espírito, alma e corpo. Quando há esta entrega a nossa mente passa por transformações diárias e contínuas, onde o Espírito e a palavra de Deus se incumbem de gerar em nós outro caráter, outra índole, que afetará todas as áreas de nossos relacionamentos. Outra ética, outra moral, outro comportamento norteará as nossas escolhas e decisões.

Graça


Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie; 
                                                                                                                  (Efésios 2:8-9)

 

Graça é comumente vista como o favor imerecido de Deus, contudo creio que ela é muito mais que isso, é aquela certeza que Deus nos ama e nos quer bem do jeito que somos. Sabendo disto passamos a viver uma vida não firmada em uma tentativa constante de ter um bom desempenho diante do Criador, mas gratos pelo que ele faz por nós sem merecermos. Assim nos libertamos do peso da culpa e somos livres para libertar outras pessoas também. Isto é lógico, não deve nos levar ao abuso de sua graça, nos tornando levianos e irresponsáveis, antes deve nos conduzir á uma caminhada de maior intimidade com o nosso Pai Eterno.

 Entendo que a graça é algo para ser experimentado, entendido e compartilhado. Não é justo ser tratado com graça e tratar os outros com a lei dura e exigente. A maior alegria de Deus é quando um pecador recebe a graça divina e não só usufrui dela mas compartilha com os seus semelhantes, liberando perdão, sendo misericordioso com os outros em seus relacionamentos, da mesma forma que o Senhor é com ele.

Amor


Quando falo de amor me refiro a atitudes e não somente a sentimentos, pois “amor” é um verbo e como tal, aponta para ações e não apenas para um sentimento que pode existir uma hora e desaparecer na outra. A decisão de amar, nos leva a tomar atitudes com relação à Deus, ao próximo e à vida que alteram a forma como lidamos com tudo que vivenciamos.

                                                         

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;                                                
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
                                                                                                           (1 Co 13.1-8)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Parábola da águia e da galinha - Leonardo Boof


                            




Era uma vez um camponês que foi a floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa.

Conseguiu pegar um filhote de águia. Coloco-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.

Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
 
- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
 
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha. Ela não é mas uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
 
- Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar ás alturas.

 - Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.

Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: - já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe! A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou:
 
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
 
- Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia.
 
E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
 
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:
 
- Águia, já que você é uma águia, abra as suas asas e voe!
 
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
 
O camponês sorriu e voltou à carga:
 
- Eu lhe havia dito, ela virou galinha!

- Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia.

Vamos experimentar ainda uma ultima vez. Amanhã a farei voar.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e 
ordenou-lhe:
 
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
 
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
 
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergue-se, soberana, sobre se mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...
 
E Aggrey terminou conclamando:

- Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muitos de nós ainda acham que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos . Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.




Obs: Parábola do livro: “O despertar da águia”, do autor: Leonardo Boff, Editora:Vozes, Petrópolis, RJ, ano: 2004.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Os relacionamentos são muito importantes!


                                     



 "São os relacionamentos que nos ferem.

Mas são os relacionamentos que Deus usa para nos curar".

 


Como vai seu relacionamento conjugal? Continua alegre, leve e comunicativo ou se tornou tedioso, cansativo e monótono? Como vai sua comunicação com seus filhos? Aberta, informal, fluente e descontraída ou se tornou tensa, cheia de gritos e palavrões? Como vai seu relacionamento com os amigos? Tem encontrado espaço para desabafar, falar de seus sonhos e desejos, medos e decepções, frustrações e desencontros ou já não tem mais coragem de desabafar com eles porque a confiança acabou? Como vai teu convívio com a sua comunidade de fé? Está emocionante, harmonioso e cheio de desafios, ou ir a igreja se tornou um fardo quase impossível de carregar? Quando você entra no templo qual a sensação que te invade? Alegria? Gratidão? Paz? Ou a tristeza, o desânimo e a desilusão tem sido suas companheiras nos domingos que frequenta a igreja? Como vai sua vida com Deus? Ainda tem tempo para falar com ele revelar seus sentimentos, sonhos e frustrações ou Ele não tem mais espaço em sua agenda repleta de compromissos?

Na vida todos os nossos relacionamentos passam por altos e baixos. Toda relação tem períodos fantásticos e épocas sofríveis. Toda associação, parceria, alianças e pactos, pois é isso que os relacionamentos são, passam por dias tempestuosos e mares bravios.
Se você tem dificuldades em seu relacionamento com cônjuge, filhos, amigos, igreja, emprego e chefes, vizinhos e parentes, Deus, entre outros, bem-vindo ao clube, você não esta só neste barco, tem mais de seis bilhões de seres humanos passando por situações semelhantes.

Com o passar do tempo todo relacionamento, conjugal, fraternal, profissional, eclesiástico, social, seja lá qual for, enfrentará crises e decepções, frustrações e desalentos, esfriamentos e indiferenças. Chamamos isto de "desgastes". É semelhante a uma máquina que trabalha horas a fio e de repente começa a dar sinais de que existe algum problema, é hora de fazer a manutenção. É preciso trocar alguma peça, lubrificar outras, trocar o óleo, fazer reparos técnicos. Geralmente nesta hora algum profissional competente é chamado e faz duas coisas.
Primeiro é feito o diagnóstico, onde aponta possíveis problemas, avarias e causas do mau funcionamento.
Em segundo lugar ele mostra o prognóstico, apontando soluções cabíveis para trazer saúde técnica para a máquina em questão.
Nossos relacionamentos precisam ser observados de perto e frequentemente. É comum o tempo desgastar até mesmo os relacionamentos mais saudáveis que existem.
Semelhante a uma máquina, nossos relacionamentos começam a enviar sinais de problemas que existem ou que se avizinham. Nossa tendência é ignorá-los.
Agimos como se nada estivesse acontecendo e depois nos deparamos com um divórcio, demissão, fim de uma amizade, afastamento da nossa comunidade de fé que é a nossa igreja, as pessoas se afastam de Deus, enfim não atentamos para os sinais que nos chegam diariamente.

TITANIC O AVISO

O navio transatlântico Titanic da British White Star Line, foi o maior objeto móvel já construído pelo homem até então. Media cerca de 273 metros (ou seja, quase quatro campos de futebol) por 40 metros de largura e uma altura aproximada de um prédio de 150 andares. Saiu do Porto de Southampton, na Inglaterra, no dia 10 de Abril de 1912 com destino à Nova Iorque, transportando aproximadamente 2.223 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes. Às 23h40 do dia 14, colide com um iceberg e afunda duas horas e meia depois. Foi o desastre marítimo mais famoso do Século XX e é até hoje. Jack Philips e Harold Bride eram as pessoas responsáveis de repassar ao comandante do navio mensagens de novidades no mar como de icebergs que poderiam afundar o navio, contudo ignoraram avisos que chegaram e acharam que não eram tão importantes, quando o alerta soou já era tarde demais não dava mais para desviar a grande nau e assim 1.523 pessoas morreram na tragédia”.(1)

Noto que quando um relacionamento está desgastado, não conseguimos mais ver as qualidades do outro, os motivos que uniram as duas partes são esquecidos, o foco já não é mais nas qualidades que unem, mas nos defeitos que separam, os diálogos que são usados para construir desaparecem e quando surgem só servem para colocar mais sal nas feridas. Neste ponto algo tem que ser feito ou então a separação, o fim do relacionamento, o término da aliança, a quebra do vínculo é iminente.
Tudo o que está ruim pode melhorar. Mas tudo o que está bom pode piorar.
É preciso repensar os nossos relacionamentos. Nada sobrevive sem cuidados. Nossos relacionamentos nunca serão saudáveis se descuidarmos e "deixarmos a vida levá-los".
Ter bons relacionamentos na vida não é obra do acaso, mas também não é tarefa impossível. Pois com diligência, esmero e empenho podemos e ter mais qualidade de vida relacional. 

TRÊS TIPOS DE RELACIONAMENTOS

 

Poucos assuntos são tão importantes na vida quanto o dos relacionamentos.

Quando falo de relacionamentos, este tema em minha mente é visto de três ângulos:

 

 Relacionamento com Deus. Acredito piamente que a vida só poderá ser vivida na sua plenitude, se estivermos bem com Deus.

 Durante todas as escrituras sagradas este assunto é redundante:

 Já no Éden, encontramos Deus se relacionando com Adão, colocando este no jardim que Ele criou e dando ao primeiro homem a incumbência de cuidar do paraíso, o lavrando e o guardando.

E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim  do Éden para o lavrar e o guardar.                                                                                                              (Gn 2.15)

 

Relacionamento com as outras pessoas. Ainda no primeiro livro da bíblia, vemos o primeiro relacionamento entre pessoas desenrolar-se. Adão recebe de Deus um presente maravilhoso que foi a sua companheira Eva. Enquanto o primeiro homem dorme um sono profundo, o Criador tira dele uma costela e desta, forma a primeira mulher.

 

E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.
Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.
E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.
Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar;
E da costela que o SENHOR Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. (Gn 2. 18-22)                                         

 

Inicia-se assim o primeiro relacionamento familiar e como fruto desta relação conjugal, nascem dois meninos, o primeiro chamado Caim e o segundo Abel.

                                                   
E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um homem.
E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.                                                                                                           ( Gn 4.1-2 )

 

Relacionamento com a vida. Chamo assim todas as situações e circunstâncias que a humanidade enfrenta no dia a dia, o trabalho, as enfermidades, os desafios, as oportunidades, as lutas, as alegrias, as frustrações, as vitórias, os fracassos, os sonhos, as desilusões, as perdas materiais, as dores existenciais, as decepções, a morte de entes queridos e até o fim de sua própria existência.

 

São os relacionamentos que nos ferem, contudo são os relacionamentos que Deus usa par nos curar. Esta verdade eu tenho experimentado ao longo de trinta e sete anos. Quando somos feridos, o desejo é de se isolar, se afastar das pessoas, abandonar  relacionamentos, o desejo é remoer a dor, guardar ressentimento, alimentar o desejo de vingança e de justiça.

 

Porém quando fazemos o contrário nos entregando em novas amizades, se aproximando de gente, tentando ser empático, buscando perdoar o ofensor, percebo que Deus começa a transformar o nosso sofrimento em experiências do passado, começa a usar a nossa dor par nós curarmos a dor alheia, compreendendo melhor a ferida no coração dos outros e passamos a ser um

canal de bênçãos nas mãos de Deus para a cura do próximo, e neste processo Deus também nos cura.

 

A minha proposta aqui é que você repense os seus relacionamentos como eu fiz nos últimos meses enquanto escrevia estes textos.

 

Pode ser que seus relacionamentos estejam muito bem ou talvez não.  O que afirmo sem medo de errar é o seguinte: tudo o que está bom pode melhorar. Se você esta vivendo os melhores dias em seus relacionamentos, parabéns,fico feliz por você, todavia se tudo vai mal, deixa eu te dizer uma coisa, ainda resta uma esperança, enquanto estamos vivos é porque a nossa missão ainda não acabou. Deus tem com certeza uma nova fase para sua vida, o melhor de Deus ainda está por vir, nem tudo esta perdido, vire a página da sua vida, Deus sempre tem uma nova oportunidade para nós.

 

Venha comigo nesta viagem, vamos repensar os nossos relacionamentos, com Deus, com as pessoas e com a vida.